Mostrar mensagens com a etiqueta Radiohead. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Radiohead. Mostrar todas as mensagens

08 março 2011

Álbum Fresquinho: Radiohead - "The King of Limbs"

Um simples "Radiohead have a new album", como fez o meu colega de chafarica Cisto a propósito dos Deerhoof seria mais que suficiente para este The King of Limbs, afinal de contas, é um álbum dos Radiohead. Dispensa apresentações, análises exaustivas, comentários, teorias, comparações, reviews, afinal de contas, é um álbum dos Radiohead. Os próprios membros da banda sabem que quando fazem um álbum o único espectro que os assombra é o das elevadas expectativas que os fãs têm. Mas sosseguem os fãs, afinal de contas é um álbum dos Radiohead. Sou suspeito para vir aqui escrever sobre os Radiohead?  Eu, culpado, me confesso. E sem mais palavras, sem mais demora, passemos à música, que está já já aqui abaixo. Afinal de contas, é um álbum dos Radiohead.

12 maio 2010

Radiohead - In Rainbows (2007)

E chegamos então a 2007, ano de lançamento de In Rainbows, sétimo álbum da banda. 22 anos se tinham passado desde a data de formação da banda, e 15 desde o lançamento de "Creep", o single que os mostrou ao mundo. E como os Radiohead nunca foram banda de apenas implementar aquilo que a sociedade considera normal, este foi mais um lançamento em estilo. Findo que estava o contrato de seis álbuns com a EMI, os Radiohead optaram por um lançamento independente e inovador - o álbum ficou disponível para download no site da banda, e os compradores é que decidiam o preço a pagar pelo download do mesmo. A meu ver esta foi uma pedrado no charco da indústria da música, adormecida à sombra da bananeira perante a realidade actual e a combater com as armas erradas o acesso sem custos à música. Por falar em música, e sem mais rodeios, analisemos então um pouco melhor este In Rainbows.
O álbum inicia-se com um "15 Step" que é o mais perto que os Radiohead estiveram de ser uma banda de música electrónica, indo, a meu ver, até um pouco além de onde tinham ido em Kid A neste campo, entrando de seguida em "Bodysnatchers", com um poderoso baixo e riff de guitarra a servir de base a tudo o resto, que parece não mais que uma jam session, com entradas e saídas dos outros instrumentos, variações do ritmo e um final apoteótico quando já nada esperávamos. Importa realçar que antes de In Rainbows ver a luz do dia, já Thom Yorke tinha lançado um álbum a solo, The Eraser, onde expandiu toda a sua vontade de experimentação, chegando à produção de In Rainbows um Yorke diferente, menos tenso e mais aberto a ser apenas mais um elemento da banda. E penso que este "Bodysnatchers" carrega sobre si o peso de exhibit A, com todos os elementos da banda em plena utilização das suas capacidades. Vem depois "Nude", música já antiga, dos tempos pré-Kid A, mas que nunca tinha sido incluída em álbum e na qual nos é mostrado um lado doce dos Radiohead, que nos faz fechar os olhos e deixar ir. O mesmo acontece com "House of Cards", música inserida mais lá para a frente no álbum (ninguém vos disse que isto tinha de ser por ordem, nem que ia falar de todas as músicas...). Um sonho. Queria também destacar, a nível pessoal, as duas músicas que me deixam mais encostado no canto do ringue, prostrado, inerte, maravilhado - "Weird Fishes/Arpeggi" e "Jigsaw Falling Into Place". Bastante diferentes uma da outra, mas de uma intensidade bruta. E para acabar, "Videotape". O acabar um álbum é uma arte já demonstrada por A+B na qual os Radiohead são mestres. E como tal não há aqui espaço para desilusão, apenas confirmação.
In Rainbows é, se a minha opinião se pode ficar por uma palavra, brilhante. Sente-se o alívio da pressão a que sempre estiveram sujeitos para inovar e a coisa resulta num belo disco. Desde a inclusão de uma música que não tinha sido aceite pelos parâmetros de qualidade anteriormente impostos, a "House of Cards" onde ouvimos e sentimos uma sensação de relaxamento que nunca estivera presente, tudo neste álbum soa ao fechar de um ciclo aceite por todos e ao atingir de um objectivo que até então estiveram em constante (e incessante) procura.

21 abril 2010

Radiohead - Hail to The Thief (2003)

Como não é correcto para os leitores Altamont começar as coisas para as deixar a meio, vou aqui terminar aquilo que me propûs a fazer - a análise da carreira dos Radiohead álbum a álbum.
Após as tensas sessões de gravação para Kid A e Amnesiac, foi decidido pela banda dedicar menos tempo nesse processo ao novo álbum, de forma a evitar alguns conflitos ocorridos anteriormente, ao mesmo tempo que permitia aos membros já com filhos passarem mais tempo com as suas famílias. Yorke chegou a afirmar mais tarde que gostaria de ter passado mais tempo em estúdio, mas na minha opinião não valia a pena. Por vezes, o facto de manter as coisas mais simples traz ao de cima o melhor. E penso que assim terá ocorrido na gravação deste Hail to the Thief, cujo nome do álbum advém supostamente de uma variação de "Hail to the Chief", música entoada para o Presidente dos EUA, na altura George W. Bush, do qual Yorke sempre foi (mais) um acérrimo crítico.
Costuma-se dizer que não há como uma primeira impressão de algo. Pois bem, Hail to the Thief, ao contrário dos 2 álbuns anteriores dos Radiohead nos quais foram precisas mais atentas audições, conquistou-me à primeira audição. Nos primeiros segundos de cada música, uma a uma, conquistou-me. Vou tentar recriar aqui em palavras, na medida do possível, esse sentimento: Abre-se o package (é que não é uma caixa, não é um livro, não é uma embalagem... é mesmo um package, perdoem-me os mais aguerridos defensores da pureza da língua portuguesa, mas é mesmo um package lindo, fora do normal em tamanho e conteúdos, com um enorme mapa, as letras das músicas, extraordinário só por si), tira-se o CD, e mete-se no sistema de som. E começa "2+2=5.", uns sons de aquecimento, como que um ligar do sistema e música, apenas voz, piano e uma ligeira batida a acompanhar. Um manifesto de intenções, "Are you such a dreamer/ To put the world to rights?/ I'll stay home forever/ Where two and two always makes up five." Depois entra a guitarra, lentamente. Até que passados 2 minutos o ataque passa a ser frontal "You have not been payin' attention!" é-nos gritado ouvido dentro, acompanhado pela intensidade da guitarra, com um riff que estava pronto a sair da guitarra do Ed O'Brien ao tempo, bateria, ritmo forte. Uma clara demonstração que há algo aqui a que tomar atenção e foi o que fiz. Ouvidos ainda mais alerta. E volta a calmia patente no início do álbum com o começo de "Sit Down. Stand Up." Mas o ritmo em crescendo rapidamente nos mostra que é sol de pouca dura e aos 3 minutos a música atinge o auge com o início de uma batida demoníaca, com Yorke a repetir constantemente "The raindrops?". Neste momento já estou encostado à parede, rendido à intensidade que me foi colocada à frente e ainda só vamos na segunda música. Por isso, nada como acalmar as hostes, com uma balada, "Sail to The Moon." Há sempre uma nos álbuns dos Radiohead, e esta está ao nível delas todas. Já recuperei o fôlego, e continuo deslumbrado com cada momento vivdo até então. Next song: "Backdrifts". Reminiscências de Kid A e Amnesiac não poderiam faltar, como se dúvidas houvessem, esses álbuns não foram experiências isoladas, são na realidade elementos definitivamente integrados no som da banda. "Go to Sleep" também demonstra isso, fazendo lembrar "Knives Out", e reforçando o manifesto inicial "We don't want the loonies taking over/ Over my dead body!". Qualquer semelhança entre um loonie e Bush é mera coincidência...
"Where I End And You Begin" é mais um excelente momento do álbum, da qual realço o êxtase final, que desagua num regresso ao piano, acompanhado de palmas, em "We Suck Young Blood", mais uma música que nos convence que é calma e pacífica, e depois nos ataca inesperadamente para depois nos deixar novamente ao "abandono" das palmas e piano, sempre com a voz de Thom Yorke a envolver-nos totalmente. "The Gloaming" leva-nos de volta a Kid A, enquanto que "There There", primeiro single do álbum nos recebe a som de tambor e é mesmo um momento em que confluem todas a história dos Radiohead. Como que se conseguissem juntar numa música só tudo o que fizeram na sua carreira. Lembro-me perfeitamente que foi a música de abertura do concerto que deram em Lisboa antes do lançamento do álbum, que serviu para testarem as músicas ao vivo, e a estranheza que causou ver Ed O'Brien de baquetes em punho a bater no tambor. Mas estranheza, com os Radiohead, é um sentimento que passa depressa...
O arranque para a parte final do álbum dá-se com "I Will", calmo e tranquilo, seguido de "A Punch Up at a Wedding". Mas o grand finale, a que os Radiohead sempre nos habituaram, fica neste álbum a cargo de uma sequência de 3 músicas, "Myxomatosis", "Scatterbrain" e "Wolf at the Door". Totalmente distintas mas que resumem o que são os Radiohead. Pouco vou dizer sobre elas, porque pouco há mesmo a dizer. "Wolf at the Door" ficou no meu ouvido desde a primeira audição, durante o concerto no Coliseu em 2002, 1 ano antes do álum sair. E foi isso que disse aos elementos da banda quando tive a sorte de falar com eles no já longíquo dia 24 de Julho de 2002...

18 março 2010

Radiohead - Amnesiac (2001)

Amnesiac foi lançado uns breves 8 meses após Kid A, sendo que ambos foram gravados no mesmo processo de criação (à excepção de "Life in a Glasshouse", única música gravada já após o lançamento do álbum anterior). Por essa altura, ainda toda a gente estava a tentar lidar com Kid A, a opinião pública (fãs e críticos, que naturalmente, vale o que vale...) estava completamente dividida, e os primeiros rumores eram de que tinha sido um mero devaneio e que Amnesiac seria, esse sim, o álbum a sério dos Radiohead de Ok Computer. Pois bem, se dúvidas houvesse relativamente à direcção escolhida pela banda, "Packt Like Sardines In A Crushd Tin Box", música de abertura deste álbum, acaba definitivamente com elas. Foi o demonstrar de uma forma clara que "there's no turning back", de uma forma bem simples, com uma batida electrónica, umas mescla de sons ambiente, zero guitarras e várias repetições da frase "I'm a reasonable man, Get off my case." Daqui arrancamos para uma excelente combinação de piano, cordas e voz em "Pyramid Song" (primeiro single a ser lançado desde 1998), que nos fala de um anjo de olhos pretos, de passado e futuro, e a mim me faz sentir num ambiente confortável, calmo, como se num sonho. 
"Pulk/Pull Revolving Doors" e "Hunting Bears" são os momentos mais abstratos do álbum, quiçá da inteira carreira dos Radiohead. Mas a meu ver, enquanto que a primeira é incómoda aos nossos sentidos, a segunda é um interessante exercício de minimalismo. Temos também no álbum uma versão alternativa de "Morning Bell", já presente em Kid A, "You and Whose Army?", em crescendo, e 2 músicas mais próximas de OK Computer - "Dollars & Cents" e "Knives Out". A terminar, os Radiohead nunca, mas nunca nos desapontam. "Like Spinning Plates" e "Life in a Glasshouse" formam como que um grand finale em duas partes, começando com um sentimento de termos entrando nalgum vortéx, em que tudo à nossa volta gira, para quando já nada esperamos entrar Yorke e a sua voz esplendorosa para nos tentar explicar um pouco o que é esse sentimento - Spinning Plates. Logo a seguir e ainda sem nos apercebermos bem o que foi aquilo, "Life in a Glasshouse" traz-nos um arranque calmo e suave em ritmo de free-jazz e leva-nos depois a um apoteose com trombone, clarinete e trompete a irromper com toda a sua magnitude.
Em resumo, este Amnesiac serviu para consolidar aquilo que Kid A trouxera: uns Radiohead inventivos e breakthrough (não consigo encontrar a palavra perfeita em português para traduzir isto) e que abriram portas para um mundo novo, o do pós-rock. Chega agora a melhor parte - a da audição. Carregando no play abaixo poderão recordar ou descobrir este excelente álbum.

Enjoy!

12 março 2010

Radiohead - Kid A (2000)

Ano 2000. Já tinha passado a possibilidade de o mundo acabar na mudança de milénio, e o pânico lançado pelo "montanha pariu um rato" bug Y2K. Já a população do mundo e especialmente a que habita os Estados Unidos da América pensava que tudo não tinha passado de uma grande esquema para alarmar o pessoal, levá-los a frenesim consumista de armazenamento de bens de primeira necessidade, quando, já o ano ia em Outubro, acontece o verdadeiro choque que abanou a Terra - o lançamento deste Kid A. Ninguém estava à espera de uma mudança tão radical de registo após OK Computer e como tal este álbum foi encarado como tendo apenas um objectivo - diminuir a sua base de fãs e com isso conseguir reduzir o desgaste causado pelo sucesso, as tours, as necessidades de promoção, com as quais Thom Yorke nunca lidou bem. Mas isto não passou de uma primeira reacção histérica, que eu próprio, posso admitir, também senti quando primeiro coloquei os ouvidos neste Kid A. É que na realidade este ábum faz todo o sentido e encaixa totalmente na evolução de uma banda que nunca foi de fazer mais do mesmo, mas sim de procurar caminhos diferentes para evoluir, experimentar, sem receios de que críticos e fãs deixassem de gostar deles. Mas esta não foi (mais uma vez) uma decisão consensual no seio da banda, e chegou mesmo a ameaçar que a mesma terminasse, uma vez que enquanto Yorke e Jonny Greenwood queriam ir por algo cada vez mais experimental, os restantes membros estavam mais virados para um seguimento simples de Ok Computer. No fundo, os Radiohead dão a ideia que precisam deste conflito interno para trazer ao de cima o melhor deles mesmo, e o processo de gravação de Kid A não foi diferente dos anteriores. O resultado, esse sim, é que foi diferente. Afinal de contas, o mundo também já estava bastante diferente.
 Este experimentalismo, inovação, está presente nas várias faixas do álbum. No ambiente sónico com várias vozes sampladas à volta da voz de Yorke em "Everything In Its Right Place", voz esta que foi totalmente transfigurada para "Kid A", a acompanhar uma melodia com aparência infantil. O baixo no ínicio de "The National Anthem", acompanhado com o som de um Ondes Martenot usado por Jonny Greenwood que desaguam numa forma de free-jazz bastante intenso. O exercício de "Treefingers", que mais não é do que o feedback da guitarra de Ed O'Brien trabalhado e organizado por Yorke no seu computador. O atirarem-se para fora de pé, mais concretamente ao campo da música electrónica com uma forte influência de uns Aphex Twin em "Idioteque", para depois terminar o álbum com a tranquilidade aparente de "Morning Bell" e "Motion Picture Soundtrack", esta última uma música que foi escrita para "Pablo Honey" e foi sendo sucessivamente adiada a sua presença em disco.
É um disco que a cada ano que passa me parece melhor, realmente inovador e que serviu para virar uma página na história da banda. E da história da música também.

23 fevereiro 2010

Radiohead - OK Computer (1997)

O atraso relativo à publicação deste post, que já deveria ter saído a semana passada, deve-se única e exclusivamente a um factor - insegurança pessoal. É que só chegado a este ponto é que me apercebi no sarilho que me estava a meter, dada a dificuldade inerente a falar sobre "Ok Computer". O que dizer de diferente, de original, sobre um álbum que é vangloriado por uma larga secção de críticos (profissionais e não profissionais) como um dos melhores de sempre, a perfeição musical dos nineties, o auge do rock, 10/10, e outras coisas que tal? Missão complicada. Faz-me questionar a necessidade de andarmos para aqui a debitar palavras sobre algo que vale por si só - a música, e como o mais importante disto tudo é mesmo termos aqui em baixo uma barra que com um simples click permite entrar nesse mundo único. Thom Yorke, em oposição aos álbuns anteriores mais introspectivos, optou agora por levantar a cabeça e olhar à sua volta, e relata aqui o que encontrou - um mundo que para mim se encontra descrito na perfeição em "Fitter Happier". Um mundo onde o consumismo tomou conta da mente humana, onde os airbags salvam vidas, onde as pessoas preferem o conforto e uma vida sem surpresas, onde se perdem horas de vida em transportes e só umas asas podem resolver o problema. Onde as variações de ritmo e velocidade ocorrem constantemente, tal como as guitarras em "Paranoid Android". Onde as pessoas procuram respostas na sorte e no azar, nos deuses, em tudo, menos em si próprios, e como tal estão sujeitos a serem encontrados por uma "Karma Police". Onde até há quem queira ser adoptado por extraterrestes. Onde é melhor manter as crianças sempre fechadas em segurança, mesmo que a trepar as paredes. Mas principalmente, onde é preciso "slow down". "Idiot, slow down" diz-nos a música que termina o álbum. E é no fundo a grande conclusão a tirar após saírmos desse mundo e voltarmos ao nosso. Que no fundo, nem é muito diferente...
Carreguem no play e deixem-se embrenhar. Desde a semana passada que o álbum teve alta rotatividade no iPod, em modo de preparação para este post, e foi bom sentir que no fundo, ele sempre esteve cá dentro. E parece-me que sempre estará.

11 fevereiro 2010

Radiohead - The Bends (1995)

Dois anos após "Pablo Honey" os Radiohead lançam o seu (sempre difícil para uma banda) segundo álbum, de nome "The Bends". Já eram tempos diferentes, os anos do grunge com quem os Radiohead foram conotados no início já iam longe, e o que vingava agora no mercado era a britpop, nomeadamente a tão proclamada guerra entre os Oasis e os Blur. Mas para quem conseguiu ler (ou, para ser mais preciso, ouvir) nas entrelinhas, o som dos Radiohead diferia destas bandas, para além de uma muito interessante evolução desde os tempos do álbum anterior. Esta evolução verificou-se a nível de utilização de guitarras por parte de Jonny Greenwood (que investiu bastante tempo em experiências sónicas), nas letras e voz de Thom Yorke (nem sempre egocêntricas e mais abrangentes; utilizando falsettos), e resultou de um período de choque no seio da banda, na hora de tomar uma decisão sobre a direcção a tomar, se fugindo do êxito de "Creep", se aproveitando-o ao máximo. O que é certo é que todas estas dúvidas, discussões, indecisões resultaram num grande álbum, que parece conter dois pólos distintos: um mais rock, com riffs e energético, que tem o seu ponto mais alto em "Just" (música que ficou também na memória de todos pelo videoclip inusitado em que todos se deitavam na calçada e nunca ficámos a saber o porquê, se alguém souber que partilhe, para mim continua a ser dos mistérios mais intrigantes de sempre....). No outro lado do álbum encontram-se as baladas excepcionais, a tensão, os demónios que assolam Yorke, mais chegado ao pós-rock. Aqui encontram-se músicas que ouvi em repeat tantas e tantas vezes como "Fake Plastic Trees" (de uma intensidade avassaladora), "Black Star" e "Sulk". E a frase marcante "Immerse your soul in love" da faixa final também fica connosco mais um bom bocado depois de o álbum chegar ao fim.
"The Bends" entra na grande discussão sobre qual o melhor álbum de Radiohead, e diria que dependendo do mood da pessoa e do momento, pode sair vencedor. O que é dizer muito sobre esta banda, produtora de álbuns como "Ok Computer" e Kid A".


01 fevereiro 2010

Radiohead - Pablo Honey (1993)

Quando "Pablo Honey", álbum de estreia dos Radiohead, chegou às lojas, passou despercebido pela maioria dos consumidores e críticos. Alguns meses antes tinha sido lançado o primeiro single do mesmo, denominado "Creep", música que foi banida da Radio 1 da BBC por ser muito deprimente, e como tal ninguém prestou muita atenção ao álbum no Reino Unido. Conta a história que foi em Israel que as coisas começaram a animar-se, "Creep" começou a ser mais e mais ouvidas, e, quiçá pela relações político-económicas próximas, chegou também rapidamente aos EUA. Quando a banda deu por ela, já o single subia nos charts americanos, derivado do facto da letra ultra-depressiva se enquadrar na fabricada "onda grunge" e sem perder mais tempo lá foram eles dar concertos para terras do Tio Sam. No entanto, muita gente começou a vê-los como one hit wonders, em vários concertos as pessoas iam-se embora depois de ouvirem a música que gostavam. Cantavam "What the hell am I doing here, I don't belong here", apercebiam-se que ser "weirdo" não era assim tão giro, davam meia volta e iam comprar felicidade noutras bandas. Poucos foram os que viram nos Radiohead mais do que "Creep" mostrava. O meu colega de secundário Rui Pereira foi um deles e tanto insistiu que me convenceu - "Pablo Honey" é um bom álbum e os Radiohead tinham ali uma boa base para o futuro. Ouvir hoje o álbum leva-me de volta a esses tempos e sabe bem. Não só por isso, mas também. Músicas como "I Can't", "Blow Out", "Thinking About You", "Anyone Can Play Guitar?" e "Vegetable" acho que merecem atenção. Se não acreditar, nada como carregar no play na barra abaixo e experimentar.


Hoje em dia é impossível separar este álbum do resto da carreira e de todos os álbuns extraordinários que os Radiohead já lançaram entretanto, o que pode dificultar tudo, e facilmente entrar-se em comparativos. Que a meu ver não fazem sentido, uma carreira é mesmo assim, tem um início, meio e fim, e para início, este não é nada, mas mesmo nada, mau.

26 janeiro 2010

Bande A Part: Radiohead #2


Este post era só para nascer no final da análise álbum a álbum da carreira dos Radiohead, mas o forte interesse pelo tema, mostrado pelos vários comentários que o post #1 gerou, levou-me a apressar as coisas e apresentar desde já os meus argumentos que sustentam a minha ideia de comparar os Radiohead aos Beatles. Ora então cá estão eles:

Ponto 1: Qualidade da música - Indiscutível. Ao longo de toda a carreira, de todos os álbuns. Pode-se dizer que no início de carreira, tanto uns como outros fizeram coisas mais fracas, mas é isso é mais fácil de dizer depois de ver o que veio a seguir. Lembro-me de na altura gostar do Pablo Honey, quando toda a gente ouvia Oasis e Blur. Hoje penso que foi a onda britpop que influenciou negativamente a banda, e mais tarde conseguiram sair das suas malhas e dar azo a toda a criatividade que têm. Os Beatles também foram, de início, na onda da descoberta do rock n' roll, cantando músicas de outros, mas no tempo certo souberam mostrar que não eram apenas mais uma banda dessas.

Ponto 2: Consenso ao nível da crítica - Vejo e revejo uma lista infindável de tops da década, dos anos, do século que se fazem para aí e quanto a isto não há dúvidas - Beatles e Radiohead aparecem sempre sempre (às vezes com mais do que um disco) no top 10. Naturalmente que este ponto vale o que vale, como bem sabemos em cada um de nós há um crítico, mas que é um ponto em comum entre as duas bandas, parece-me claro.

Ponto 3 (e mais forte de todos): Evolução de carreira - Um começo mais ligado à onda que estava na moda para mais tarde criarem a sua própria onda, única e exclusiva. No caso dos Beatles, a partir de Rubber Soul, ainda mais forte com Revolver e o auge em Sgt Peppers, mantendo mais tarde a bitola com Abbey Road e Let it Be. No caso dos Radiohead a partir de The Bends, ainda mais forte com OK Computer e o auge com Kid A, mantendo mais tarde a bitola com Hail to the Thief e In Rainbows. Souberam amadurecer, procurando novos caminhos, inovando sem rede, desafiando-se a si próprios, confiando apenas e só na sua capacidade. Resistindo a muitas críticas às suas decisões e direcção tomada. Respondendo com qualidade de música, acima de tudo.

Ponto 4: O impacto nas gerações seguintes - Neste aspecto ainda não é comprovado o impacto que os Radiohead irão ter, mas eu sou gajo para apostar que daqui a 30/40 anos vão ser tão lembrados como os Beatles são hoje em dia.

Vou então dar início à análise dos vários álbuns da carreira dos Radiohead, que decorrerá durante as próximas semanas. Estejam atentos!

22 janeiro 2010

Bande A Part: Radiohead #1

Ando a prometer ao administrador deste blog fazer um artigo de fundo aqui no blog e parece-me que está na altura de lançar mãos à obra. A premissa é muito simples mas seguramente polémica, e como tal estou a aguardar comentários inflamados, lutas de ideiais, visões distintas. Mas é disto que também se alimenta um blog, e este não é excepção, portanto acho que os leitores também esperam isto de nós. Não esperem é telenovelas. Cá vai:

"Os Radiohead são os Beatles da nossa geração."

De forma a suportar esta forte afirmação, irei aqui no Altamont, ao longo de algumas semanas, analisar toda a obra dos Radiohead, álbum a álbum. Tenho como meu objectivo pessoal convencer pelo menos 2 pessoas que assim é e conseguir não ser agredido fisicamente pelos que discordam. Para já deixo aqui um vídeo de 1 hora (!) com os Radiohead, numa sessão chamada From the Basement feita na altura do lançamento do último álbum "In Rainbows", mas que contem também algumas músicas de álbuns anteriores. É algo de extraordinário, é o que vos digo. Tem qualidade suficiente para ser visto em Full Screen, mas como compreendo que possa ser dificil a algumas pessoas, experimentem pelo menos colocar no play e fazerem outra coisa qualquer. Porque no fundo, it's all about the music.



Tracklist:

Weird Fishes/Arpeggi; 15 Step; Bodysnatchers; Nude; The Gloaming; Myxomatosis; House Of Cards; Bangers and Mash; Optimistic; Reckoner; Videotape; Where I End And You Begin; All I Need; Go Slowly.