Quando "Pablo Honey", álbum de estreia dos Radiohead, chegou às lojas, passou despercebido pela maioria dos consumidores e críticos. Alguns meses antes tinha sido lançado o primeiro single do mesmo, denominado "Creep", música que foi banida da Radio 1 da BBC por ser muito deprimente, e como tal ninguém prestou muita atenção ao álbum no Reino Unido. Conta a história que foi em Israel que as coisas começaram a animar-se, "Creep" começou a ser mais e mais ouvidas, e, quiçá pela relações político-económicas próximas, chegou também rapidamente aos EUA. Quando a banda deu por ela, já o single subia nos charts americanos, derivado do facto da letra ultra-depressiva se enquadrar na fabricada "onda grunge" e sem perder mais tempo lá foram eles dar concertos para terras do Tio Sam. No entanto, muita gente começou a vê-los como one hit wonders, em vários concertos as pessoas iam-se embora depois de ouvirem a música que gostavam. Cantavam "What the hell am I doing here, I don't belong here", apercebiam-se que ser "weirdo" não era assim tão giro, davam meia volta e iam comprar felicidade noutras bandas. Poucos foram os que viram nos Radiohead mais do que "Creep" mostrava. O meu colega de secundário Rui Pereira foi um deles e tanto insistiu que me convenceu - "Pablo Honey" é um bom álbum e os Radiohead tinham ali uma boa base para o futuro. Ouvir hoje o álbum leva-me de volta a esses tempos e sabe bem. Não só por isso, mas também. Músicas como "I Can't", "Blow Out", "Thinking About You", "Anyone Can Play Guitar?" e "Vegetable" acho que merecem atenção. Se não acreditar, nada como carregar no play na barra abaixo e experimentar.
Hoje em dia é impossível separar este álbum do resto da carreira e de todos os álbuns extraordinários que os Radiohead já lançaram entretanto, o que pode dificultar tudo, e facilmente entrar-se em comparativos. Que a meu ver não fazem sentido, uma carreira é mesmo assim, tem um início, meio e fim, e para início, este não é nada, mas mesmo nada, mau.
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