O “Optimus Alive”é como se fosse um gigantesco “I-Pod”. È só meter lá música e depois cada um escolhe o que quiser. A única diferença é que em vez de darmos ao dedo, damos às pernas, saltitando de palco em palco, de tenda em tenda, chegando ao final do evento completamente esgotados.
Quando os Faith No More encerraram às 2 e 20 da manhã as actividades do palco principal, estavam no recinto perto de 40 mil pessoas. Não esgotou, mas esteve perto. Um dia que ficou marcado pelo sucesso astronómico do evento (talvez “o melhor cartaz de 2010” como dizia nos outdoors) e que só conheceu um único problema chamado: pulseira dos três dias.
Eram 19 e 30, quando aterrei no planeta “Alive” e afila para trocar os bilhetes de 3 dias por uma pulseira eram gigantescas. Um ambiente de cortar dada a morosidade que obrigou a que organização deixasse entrar as pessoas à mesma, sem a pulseira, apenas com o bilhete intacto e com a promessa de deixar o assunto para amanhã (hoje). Fora isso, correu tudo: “melhor que a encomenda”!
Comecei a sessão de “música aleatória” (ou “shuffle” como se diz na gíria do I-Pod) por ir espreitar no palco secundário a actuação de Devendra Banhart. E digo mesmo “espreitar” pois as actuações do palco secundário estava a abarrotar de gente. Só era possível ouvir o autor de “Cripple Crow”, vê-lo nem por isso. Um mar de cabeças e calor humano demasiado grande para um espaço reduzido da tenda “Spuer Bock”. Atrevo-me mesmo a dizer que acho que houve pessoas que nem sequer saíram daqui para não perder as actuações de “Florence and the Machine”, “The XX” ou Calvin Harris. Um festival (indie) à parte, bem longe do ambiente mais “rock” do palco principal.
Neste ultimo, às 19 e 50, hora a que os metaleiros Moonspell subiram ao palco…ainda era possível respirar. Pena foi para a banda de Fernando Ribeiro que o Sol ainda brilhasse lá no alto. Ver um concerto de uma banda desta “caveira”…desculpem “craveira”, ainda à luz do dia é como ver um grande filme de terror à hora de almoço e sem o som da tv ligado. Embora os Moonspell sejam óptimos profissionais e se tenham esforçado, as guitarradas pesadas, a voz vampiresca de Ribeiro e a participação especial da vocalista dos “The Gahthering” não foram suficientes para dar a volta a um concerto que acabou prejudicado: não só pela fraca afluência de público, como pelo facto de estarem desenquadrados do resto do cartaz. Se Dio (homenageado no tema “Alma Mater”) não tivesse falecido e os “Heaven and Hell” tivessem tocado, talvez outro galo cantaria.
O que “cantou” mesmo bem foi umas óptimas bifanas feitas de carne de porco à alentejana, baptizadas com o nome de “Porcas”! Uma refeição bem aconchegante, para andar mais um quilómetro e ir novamente ao “Palco Super Bock” para ver “Florence and the Machine”. Mais uma vez bati com o”nariz na porta”. Tudo cheio até à ponta dos cabelos. Nada como dar meia volta, agarrar numa cerveja e ir ver um dos nomes sonantes da noite: Alice in Chains!
Um excelente concerto, que agarrou o público não só pela interpretação dos temas” clássicos”, como deu a conhecer a muito boa gente o mais recente disco “Black Gives Way to Blue”. Um regresso á forma dos tempos áureos do Grunge, muito explicada pela entrada do novo vocalista William Duvall que canta exactamente (ou parecido) com o falecido Layne Stanley. Por isso não foi difícil agradar, num concerto cheio de boas ”malhas”em que muito boa gente recordou os tempos em que usava as camisas de flanela à pescador.
Acabaram em alta ao som do inapagável “Rooster” que certamente abriu o apetite pós -concerto, pois as filas para os comes & bebes aumentaram exponencialmente após o fim dos Alice in Chains. Meia hora (de bifanas) depois entravam em palco os Kasabian. Grupo britânico que segundo li na Blitz e cito: “banda ideal para que os fãs de Faith No More não esgotem as pilhas antes do momento capital”. O que é bem verdade porque o que os Kasabian fizeram foi um concerto super-morno. Nem quente, nem frio, que só agradou a quem os conhece obra a dentro. Para mim, passaram-me completamente ao lado, tal como o vento frio que agora soprava sobre Algés. Ainda fui lá atrás (mais uma vez) tentar ver alguma coisa dos introspectivos “The XX”, mas desisti de uma vez por todas. Paciência, também não era por eles que estava lá.
À meia-noite e meia a minha razão (e a de milhares) de existência chamava-se: “Faith No More”! Um grande concerto da banda de São Francisco que só não encheu mais o olho porque faltou “We Care a Lot”. De resto foi sublime. Mike Patton continua um agitador de massas, mas desta feita um look menos punk e com um ar de “galã” saído de uma telenovela brasileira passada nos anos 30. Sempre a comunicar com o público em português (abrasileirado) e onde não faltou o humor e o sarcasmo inerentes à sua personalidade: única.
Depois de tocarem os êxitos quase todos (para delírio da multidão) resta agora aos Faith No More aventurarem-se pelo estúdio. Mas como Patton é o homem dos “mil um projectos” sobra pouco tempo para que os autores de “Angel Dust” consigam ter uma carreira a 100%.
Quanto a mim, são duas e meia da manhã, acabei de escutar as últimas notas de o “Caralho Voador”. Já não sinto a voz, os joelhos, nem as pernas, nem os tornozelos, nem nada. A voz está rouca de tanto cantar. È o longo e penoso regresso a casa. Acabou-se o “Alive” para mim. Mas foi sem dúvida: o melhor de todos os que fui! Muito bom.
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