08 julho 2010

Faith No More: O Regresso dos Renegados


Quando passarem 30 minutos da meia-noite, espera-se que a banda liderada por Mike Patton tome as rédeas do palco do Festval “Optimus Alive” e dê a Portugal mais um daqueles espectáculos digno de memória!
Integrada na “Second Coming Tour”, esta vai ser a segunda paragem por terras lusas (depois de terem actuado no Sudeste do ano passado) de um grupo com quase 30 anos de história e que goza entre nós de uma reputação mítica.

A primeira vez que os vi não foi ao vivo mas na RTP quando esta estação transmitiu em meados de 1991 algumas das actuações no Rock in Rio desse ano. Só deram dois temas – “We Care a Lot” e “Epic” (uma das melhores malhas Rock dos nineties) – mas foi o suficiente para ficar “convencido” do valor deste som que parecia uma amálgama de vários estilos que iam desde o Metal ao Rap.

Mas a revelação veio com o disco seguinte – “Angel Dust” – para mim o melhor trabalho e o mais equilibrado do grupo. Quem viveu a adolescência no inicio dos anos 90 e gostava de música (a sério) era inescapável ao poder de canções como “A Small Victory” ou “Midlife Crisis”. E depois havia sempre aquela balada para convencer as raparigas – “Easy” – e dançar um slow nas festas de garagem!

Mas passando do capitulo dos telediscos para o plano ao vivo lembro-me perfeitamente daquela tarde de Julho de 1992 em que ao abrirem para uns muito disfuncionais Guns n Roses, o vocalista pediu em alto e bom “portunhol”: Quiero Tierra”. Consequentemente 40 mil pessoas deram-lhe “tierra”, iniciando uma autêntica e enorme batalha campal do pobre e desflorado relvado de Alvalade. Simplesmente: memorável.

Passado um ano vou até aos lados do Campo Pequeno, onde além de ter presenciado e sentido uma das melhores sessões de “mosh” (continuas) tive o prazer único de dar um real valente pontapé no rabiosque de um “Punk chunga” (sem que ele desse por isso…senão era eu que morria!) que andava por lá a importunar algumas (das poucas) senhoras presentes na arena. Ah…esses é que eram os tempos…

Depois vieram outros gostos, outros grupos, outras fases musicais e perdi um pouco o rasto aos Faith no More. Depois de “Angel Dust” não mais ouvi um álbum deles com atenção. E injustamente da minha parte. O último de originais – “The Album of the Year” – tem canções brilhantes como “LAst Cup of Sorrow”; “Ashes to Ashes” ou “Stripsearch”. Só que na altura em que eles se separaram (em 1998) eu simplesmente não estava virado para aí.

No entanto, já mais “maduro” (para não dizer “velho”) comprei o “Greatest Hits” e só aí é que fiquei fã desta última fase (1995-1998), já com Jon Hudson nas guitarras a substituir o actual cultivador de abóboras: Jim Martin! “King for a DaY” foi o primeiro álbum sem ele e foi uma grande revolução no som da banda. Longe ficavam as guitarradas mais heavy metal evinha agora um novo som mais virado para o Punk (“The Gentle Art of Making Enemies”) e esteticamente mais refinado com algumas incursões pela electrónica, o funk ou jazz (“Evidence”). Aos poucos Patton já preparava novos caminhos sónicos (com os “Mr. Bungle” ou os “Phantomas”) e desenhava-se uma separação no horizonte.

Agora 17 anos depois do último concerto e com um sentido apurado de nostalgia (estou mesmo “maduro”) volto a reencontrá-los. Estamos todos realmente mais “maduros”…mas independentemente de qualquer resultado, os Faith No More já conseguiram pôr-me (outra vez) viciado nas canções deles. As grandes bandas são assim…tem este eterno poder de nos conquistar, por muito que se mudem os gostos ou as vontades!

Entretanto não sei se o que é feito do tal “Punk_Chunga” que ficou com o rabo a arder. Será que ficou para sempre “chunga”? Será que virou betinho? Será que já cortou o cabelo e fez a barba? O mais provável é hoje em dia ser um “Sr.Dr. armado Punk Chunga”. Mas se estiver por lá…ele que se cuide no meio do mosh!

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