Tudo tem um inicio. E se o género Heavy (“Bloody”) Metal tem um “inicio”, a sua “Fonte” vem directamente daqui. Do aço, do fogo, da poluição, das fábricas, dos céus cinzentos, da falta de melhores oportunidades, da frustração, da raiva das ruas de Birmingham…
Quatro jovens “operários”, fizeram-se à luta e fundaram os Earth em 1968, mais tarde conhecidos como Black Sabbath, após o baixista Geezer Butler ter visto no cinema um poster do filme de terror “Black Sabbath” com Boris Karloff. A ideia era, se as pessoas pagavam para se assustarem com filmes de terror…porque não fazer uma banda de Rock que tocasse música assustadora.
Após algumas experiências mal (ou bem, depende o ponto de vista se gosta de ver sombras escuras a passarem junto à cama durante a noite) sucedidas com o “Oculto”, os Sabbath gravaram o disco de estreia em apenas dois dias. O suficiente para terem o seu nome escrito na história da popular do século XX! È certo que já havia o som Hard-Rock dos Led Zeppelin, os solos histriónicos de Jimi Hendrix e que os americanos Blue Cheer ou os ingleses Edgar Broughton Band se aventuravam a praticar um som pré-industrial e até mesmo “stoner”, mas foram os Black Sabbath (neste capitulo) os primeiros a por os pés na “Lua de Metal”!
O grupo ia mais longe não só pela música, mas também pelo ambiente que a rodeava. Nunca as bruxas, os feiticeiros, a Igreja de Satã (de Anton Lavey) e mais o “diabo a quatro” tinham tido “algo” que pusesse em notas de música o imaginário do Oculto e da Magia Negra. Aliás nota-se no tema homónimo que aquele “riff”, que ficou conhecido como “do Diabo” e inventado pelo genial Tony Iommi faria “assustar” muito boa gente.
Quanto aos outros Sabbath, temos aqui um grande baterista capaz de rivalizar com o Zeppelin, John Bonham: Bill Ward. E também um jovem Ozzy Osbourne, ainda sem a voz esganiçada e que cantava todos os temas que nem um “Exorcista” a tentar expurgar as almas do Inferno!
Alias, desde cedo que Ozzy avisava que o objectivo do grupo era alertar contra os males de Satã e não defende-los. No entanto, os media e uma boa parte da indústria não entendia assim. Nos E.U.A., cada actuação do grupo era rodeada de fortes medidas de segurança dada a perseguição de alguns grupos Cristãos (maioritariamente Sulistas) mais fundamentalistas. Uma toada que se iria repetir ao longo de toda a história do Heavy Metal, desde os Iron Maiden, passando pelos Kiss, Motley Crue, até aos Judas Priest. Numa América deprimida pelo Vietname e à espera de um “Watergate”, este estilo pesado vinha mesmo a calhar.
Quanto ao disco de origem à maioria dos 300 estilos reconhecidos como ” Metal”, há a destacar além do tema título, o bluesy “The Wizard” (com uma excelente harmónica de Ozzy); o pesado “NIB” (que não quer dizer “Nativity in Black” como muitos pensam, mas que se refere ao estilo de barba usada por Ward) e uma curiosa cover de um grupo americano desconhecido – Crow – chamada “Evil Woman”.
Destaque para a foto da capa da autoria do artista “Keef” de uma casa situada em Mapledurham, ao pé do Rio Tamisa no condado de Oxfordshire. Até hoje ninguém sabe que é a figura de negro que está na capa. Estranho, mas nada fora do normal no mundo do negro Heavy Metal. O que fica para a história é que tudo isto foi como o ”canto do galo” do “Monstro”. Que por muito que queiram abater, ainda é o maior género sobrevivente da música do Rock...
1 comentário:
é um disco fantástico e dos poucos que mete verdadeiramente medo
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