25 maio 2010

Hole - Nobody's Daughter (2010)

A seguir a Yoko Ono, o posto de “ maior triste viuvinha” do Rock n Roll vai inteirinho para Courtney Love. Uma das figuras mais controversas do “showbiz”, ninguém pode negar que ela sabe melhor do que ninguém como sobreviver neste “mundo cão”. Já esteve para morrer de overdose várias vezes, já enfrentou a bancarrota; viu membros da sua banda “irem desta para melhor”, perdeu a custódia da sua filha e viu-se abraços em vários processos litigiosos pelo catálogo dos Nirvana. Enfim, Love já viveu quase todas as vidas que tinha para viver, mas ainda lhe sobra uma de reserva. E cá está ela a dar-nos música novamente com a sua banda de sempre. Um regresso que põe fim a 8 anos de “travessia do deserto”.
Felizmente ainda há quem ainda gosta da “Rainha do Rock” e os amigos Billy Corgan (que assina um par de temas) e Linda Perry (a ex-4 Non Blondes que agora se dedica à produção) deram uma ajuda fundamental à construção deste “Nobody´s Daughter”. Uma espécie de regresso à forma (falsa): “Clean and Sober…”
Apesar de já existirem há quase 20 anos, este é apenas o quarto de longa duração das Hole. Digo “das” meramente por simpatia. Porque neste momento o colectivo é maioritariamente masculino (o guitarrista Micko Larkin; o baixista Shawn Dailey e o baterista Stu Fisher completam a formação) e nada tem a haver com a última formação que gravou o último disco (já lá vão 12 anos): “Celebrity Skin”.
Temos assim um disco, feito para Love brilhar e dar e abusar dos seus delírios femininos que se confundem sempre com as suas vivências pessoais. Oiça-se o tema homónimo, que abre o disco e escuta-se que ela está perfeitamente em casa. Grandes harmonias vocais, guitarras muito indie; bateria desfraldada e a eterna voz ” junkie” e ressacada de Courtney (que mais parece) acabada de sair de uma interminável boa noite de copos, drogas e sexo. È o que transparece em “Skinny Little Bitch”.
No entanto os anos passam, e a “Sra. Corbain” já não tem a mesma pedalada e por vezes lá vem uma baladazinha para acalmar um pouco hostes. A acústica “Honey” parece uma daquelas músicas talhadas para as estações “Rock FM” e que poderia ter sido composta a meias com o arqui-inimigo Dave Grohl! Bem mais eficaz são “Pacific Coast Highway” e “Samantha”, esta última poderá ser o single mais que certo para a MTV. No refrão nota-se bem a influência Pumpkininana de Corgan.
O “gás” definitivamente a meio do disco com mais baladas meio comerciais. “"Someone Else's Bed" poderia ser uma boa canção se Courtney não abusasse sempre dos mesmos truques meio Lou Reed, meio Trent Reznor. “For Onde in Your Life” é mais uma baladinha para americano consumir. “Letter to God” soa a lamechas. Felizmente existe a Punk Rocker “Loser Dust” que faz lembrar as Hole dos primeiros tempos. È disto que devia haver mais no disco. Infelizmente não é assim, e a toada morna regressa com os temas que fecham o disco “How Dirty Girls Get Clean” e “Never Go Hungry”. Soa demasiado a “Tom Petty de saias”!
Bem, o disco não é uma desgraça, mas acaba por desiludir depois de um inicio prometedor. Muitas baladas e alguma falta de pachorra para investir em temas mais Rock n Roll matam um pouco o espírito da banda (sé é que tal existe). Esperamos pelas rocalhadas e por mais “gás” na próxima. No entanto e atendendo às atenuantes, já não é mau ter Mrs. Cobain de volta…

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