14 dezembro 2009

Pearl Jam - No Code (1996)

Corria o ano de 1996. Após 3 anos em que foi a grande força motora do mainstream (1992-1994), MTV e afins, e mais dois pós-morte do Kurt Cobain em que foi definhando aos poucos, a cena musical rotulada de "grunge" estava definitivamente morta. Os Alice in Chains deram neste ano o seu último concerto, os Soundgarden e os Screaming Trees lançavam os seus últimos álbuns (Down on the Upside e Dust, respectivamente) e a coisa ia mesmo ficar por ali. Restavam apenas uns Melvins e Mudhoney, que se mantiveram, de livre e espontânea vontade, afastados da luz dos dólares dos grandes estúdios e souberam vencer na sua maneira própria e claro, os Pearl Jam. Os resistentes Pearl Jam, que já tinham denotado os sinais de mudança no seu terceiro álbum, "Vitalogy", muito influenciado pela morte de Kurt Cobain, decidiram cortar o mal pela raiz e fazer um álbum diferente. Um álbum que os afastasse da atenção dos media, que os afastasse dos fãs mainstream que tinha ganho às custas das suas aparições na MTV. E foi assim que foi concebido "No Code", com uma dose certa de novas experiências, mais introspectivo, nalguns pontos espiritual mesmo, para o qual em muito contribuiu a entrada de um novo baterista, Jack Irons. Pode-se dizer que foi uma missão cumprida para a banda - o álbum entrou em número um da Billboard mas rapidamente caiu. Houve quem o rotulasse como world music, o que no mercado americano é o mesmo que assassinar o álbum (o que mostra a limitação da grande maioria de habitantes desse país...). E de facto, era o que se pretendia e foi assim que a própria banda o encarnou - o álbum da mudança. Certo é que, por trás de toda esta história, foi concebido um álbum maravilhoso e poucas pessoas se apercebem disto.

Começa com um calminho e bastante espiritual "Sometimes", a abrir caminho para logo a seguir dar-nos uma das músicas mais fortes da banda, "Hail, Hail", sobre as dificuldades de um casal em manter-se junto. Logo de seguida duas músicas bastante influenciadas por ritmos de Leste Europeu, "Who You Are?", que foi escolhido como single de lançamento (mesmo por ser uma música difícil diria eu...) e "In My Tree", música totalmente introspectiva e muito intensa. Por falar em intensidade, o que dizer de "Smile"? Os versos "I miss you already, I miss you all day" ecoam na nossa cabeça com uma força pungente, sentidos até ao limite dos nossos corpos. De seguida uma harmonia muito subtil, "Off He Goes", retratando uma relação de Vedder com um qualquer amigo, à qual se segue um arranque brutal, um riff muito poderoso que estilhaça a calmia da música anterior em apenas 2 segundos e a substitui por uma raiva incontrolável contra a droga e os seus efeitos perversos ("Habit"). Voltamos às influências mais europeias de leste com o excelente "Red Mosquito", ao qual se segue o minuto mais a abrir de toda a carreira da banda. Duvido que Vedder conseguisse esticar a sua voz mais um minuto que fosse neste registo punk rock forte à la Ramones conhecido como "Lukin". Ao aproximarmo-nos do fim do álbum volta a calmia, a introspecção em "Present Tense". Mensagem simples e directa: "Makes much more sense, to live in the present tense". Alguém tem dúvidas quanto a isto? Com "Mankind", faixa 11, chega uma grande novidade - Stone Gossard assume a parte vocal da sua própria música, algo inédito. E para concluir o álbum, "I'm Open", que consiste na leitura de uma história com alguns sons de fundo e "Around The Bend", uma excelente lullaby que serviu para Jack Irons cantar para adormecer o seu filho. E é uma maravilha de música.

A registar ainda, a excelente embalagem do álbum, de cartão, e contendo em cada CD/vinyl, 9 cartões com letras de uma música de um lado e uma foto em formato polaroid noutro. Diferentes em todos os Cd's. Um excelente packaging para um excelente álbum.

6 comentários:

Rapariga Morena disse...

Decididamente o melhor álbum de PEARL JAM...

E desafio quem disser o contrário!! ;P

very nice, very nice!!!

Vasco disse...

népia

1- ten

2- vitalogy

Rapariga Morena disse...

TEN?????

sacrilégio.... :)

Vitology mto bom tb! um bom 2º lugar seguido pelo VS ;) (concedo uma equiparação)

Cisto disse...

ten? o vasco é parvo. de qq modo, bom artigo, este. vou ouvir.

Cisto disse...

epa, foi o melhor groove shark q ja ouvi neste blog. optimo relembrar-me deste som. bitter sweet 16. melhor album de pearl jam. concordo.

Vasco disse...

deixam-se de cenas, se não fosse nevermind e ten, os pj e nirvana não eram nada.