23 outubro 2008

The Beatles=NSync?

Existe uma tendência em associar o Rock n Roll a um certo grau de marginalidade: o sair da norma terá sido, na opinião de muitos, a própria génese deste género. Um exemplo genial desta relação está patente no filme Back to the Future em que a aborrecida música de salão é substituída pela energia tão vibrante e inesperada quanto irreverente saída da guitarra do Michael J Fox.
Tendo sido os The Beatles e os Rolling Stones a transportar este género para os ouvidos de todo o mundo, será razoável considerá-los a voz de uma juventude que saiu à rua decidida a quebrar as regras impostas pela sociedade, louvando a marginalidade e a procura pela liberdade intelectual, tendo como resultado o período mais fértil e criativo da história da música e arte em geral?

Nem por sombras.

O que os Beatles e os Stones acabaram por fazer foi precisamente o contrário: constituir um importante pilar do capitalismo.
Se por um lado observamos a ausência de mensagem, quer política quer filosófica, gritante especilmente nos primeiros anos, por outro o fenómeno de arrastamento de multidões criado só tem par visual na deslocação migratória de búfalos nas áridas planícies africanas ou nas idas dominicais ao Ikea em época natalícia. Afinal de contas, não se encontram grandes divergências entre as expressões das tontas criaturas que assistiam aos concertos de estádio de futebol e as dos dementes peregrinos que pulavam diante das câmeras de televisão para verem de mais de perto a inauguração da nova igreja em Fátima.
Não será portanto descabido para ninguém a comparação entre a adoração da juventude de 60 por estas duas bandas com a génese das boybands dos anos 90, de natureza predominantemente corporativa e capitalista; a fórmula que McCartney e Associados exploraram tornou-se na base da própria indústria da música, rendendo milhões de dólares aos criativos e aos accionistas das respectivas empresas discográficas e de todas as outras que quiseram também entrar na corrida ao ouro, suportando financeiramente o seu desenvolvimento em troca de publicidade.
Mas os Beatles, tal como os Stones, participaram em acções marginais, dirão ingenuamente alguns, evocando o concerto ilegal trasmitido do telhado ou o aumento os decibeis dos amplificadores para limites não aceitáveis pelas autoridades (sim, alguns polícias farfalhudos terão ficado chateados com estas duas malandrices). Ora, tudo isso foram lérias da entretainment industry cujo objectivo era apenas um: vender mais e mais e mais. e mais.

Não condensem porém o pensamento aqui discorrido (cuja originalidade nao proclamo) em negativismo musical: tal como dum Bush nasce a necessidade de um Obama, do enjoo da globalização floresce subterraneamente a individualidade de pensamento, do padrão aborrecido da normalidade enraíza-se o esforco intelectual de acordar as pessoas. Enfim, dum Paul McCartney às vezes surge um John Lennon, o que é muito bom.

3 comentários:

frederico disse...

Have you forgot about Helter Skelter, I've Got a Feeling, entre outras músicas de real valor? Ou já te esqueceste que, sem sombra de dúvidas, Paul era o melhor músico? Porém, a verdade está nos discos a solo. Lennon consegue ser consistente durante um álbum inteiro, enquanto o Paul tem muita merda. No entanto, Beatles sem Paul não funcionaria...

Anónimo disse...

Blasfémias Raul, umas atrás das outras...

Beatles? Capitalismo?!

Letra do revolution:
You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know that you can count me out
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right

Foram Revolcionários em todos os sentidos, isso sim.

E ja agora o "Imagine" defende um mundo igual para todos sem religiões nem políticos. Isso sim é revolcionar a música como ninguém tinha feito...

Oh raul....

Cisto disse...

Sim, foi tudo marketing. explico melhor:
Tratando-se de rock and roll claro q é essencial dar a ilusao de q apoiavam a revolução. As pessoas precisam de sentir essa ilusao porque elas proprias n têm forças para a fazer. Estão demasiado confortaveis. Ouvir essa musica sabe bem, da a ideia de q somos todos marginais e q temos pensamento proprio.
ou seja, um produto muito apetecivel.
negar isto é quase impossivel com base na argumentação.
Claro q podes ser fanatico e dizer 'blasfemia!'. mas isso era o q a Santa Inquisição fazia.