Foi com incomparáveis sentido de humor e poder de observação que Eça de Queirós retratou um dia certos portugueses: balofos de mediocridade, afastam-se da sua naturalidade para abraçar cegamente costumes e modas estrangeiras.
Pensei nisto ao ouvir na rádio uma cançoneta-imitação duma banda-myspace portuguesa. Segui-a até ao fim curioso de saber quem seriam esses tailandeses vendedores de malas Gucci em coloridas feiras de toldos de plástico merecedores da atenção dos tipos da Radar. Felizmente para a minha natureza mórbida, após a canção veio uma curta entrevista em que lhes perguntaram
por que é que vocês escolheram esse nome?
ao que um deles respondeu
não sei, queríamos um nome que fosse assim tipo chamativo e que ficasse no ouvido
portanto, conceptuais não são, concluí e tive pena de ninguém lhes ter informado que geralmente os pontos negros ficam no nariz e não no ouvido. No entanto, esta rapaziada tem mérito na escolha do nome: é que, tal como acontece com a ocorrência epidérmica, espremer a sua música resulta numa espécie de merda sebácea.
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