Em meados de 1973, após a dissolução da “Mahavishnu Orchestra”, o baterista Billy Cobham lançava-se num desafio a solo. Para tal reuniu nos antigos estúdios de Hendrix “Electric Ladyland” em Nova Iorque uma equipa de “ases” onde pontificavam o seu antigo teclista na Mahvishnu e futuro autor do hit “Miami Vice Theme”, Jan Hammer; o reputado baixista de estúdio Lee Sklar e um então jovem e desconhecido guitarrista do Iowa: Mr. Tommy Bolin!
Juntos, formavam um quarteto imbatível. A química entre os músicos foi tão “especial” que apenas precisaram de dois dias em estúdio (de 14 a 16 de Maio) para gravar um dos ícones do Jazz e em particular do estilo: “Fusão”.
Inspirados pelos talentos de cada um, o grupo liderado por Cobham encaixava o seu “virtuosismo estratosférico” como “peças de um automóvel de alta cilindrada”. Um trabalho de elevado calibre demonstrado em peças como o ultra-rápido “Quadrant 4”. Um tema com uma troca impressionante de solos entre Hammer e Bolin, onde a cumplicidade musical é tanta que muitas vezes não se sabe: o que é a guitarra ou o que são os teclados!
Facto de interesse é que Bolin era o único que não sabia ler nas pautas. Mas o que “faltava em teoria musical”, era recompensado pelo facto de o jovem guitarrista saber tocar os seus harpejos e solos como um Jimi Hendrix disfarçado de John McLaughlin!
A desbunda ou insanidade sonora continua ao som de “Searching for the Right Door”, onde ao quarteto original são acrescentados os talentos da secção de metais composta por Joe Farrell e Jimmy Owens. Uma obra que não está distante das pegadas de Miles Davis de “In a Silent Way”.
Depois de um curto solo de bateria apelidado de “Anxiety”, “os quatro ases” são chamados para uma nova demonstração de força em “Taurian Matador”. Um tema que começa de um modo Funky, mas que depressa passa para (as capazes) mãos quentes de Bolin que entrega aqui alguns dos melhores e mais furiosos solos da sua curta carreira.
Lá mais para diante aparece o longo “Stratus”. O tema que todos os apreciadores de Massive Attack devem conhecer por servir de base (samplerzada) ao tema “Safe from Harm” pertencente ao disco clássico da banda de Bristol: “Blue Lines”. Uma curiosidade que deve ter rendido umas “boas coroas” a Cobham, assim como ressurgimento do tema no jogo de computador: “Grand Theft IV”! Mais uma vez, Bolin não deixa dos seus créditos por mãos alheias e faz deste tema uma autêntica: “festa de efeitos de pedaleira”!
A música mais fora o contexto acaba por ser o melancólico “To the Women of My Life / Le Lis”. A única em que os “ases” não tocam e onde Cobham prefere imprimir uma toada mais acústica e tradicional ao arranjo.
A terminar surge “Red Baron”. Um tema cool, descontraído ideal para se absorver nesta estação balnear. Uma espécie de “Steely Dan” sem os habituais vocais de Donald Fagen e que acaba por conquistar.
Em suma, se não fosse este disco, David Coverdale nunca teria andado desesperado por arranjar um guitarrista capaz de substituir Ritchie Blackmore nos Deep Purple. Se não fosse “Spectrum” talvez Jeff Beck nunca se teria aventurado por ambientes mais Jazz como nos clássicos “Blow by Blow” ou “Wired”. Sem ele, talvez gerações guitarristas e instrumentistas nunca se tivessem interessado pelo Jazz. Ou até mesmo os Massive Attack não fossem “chamados para este filme”.
O que interessa é que para quem gosta de música pela música: “Spectrum” é um tesouro precioso na escola do Rock puramente instrumental!
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