Segundo as últimas crónicas, parece que os irmãos Robinson se preparam novamente para partir em direcção a caminhos separados. Desta forma, os Black Crowes, banda que esteve inactiva entre 2002 e 2006 vai voltar a gozar de um novo hiato prolongado.
Assim, e em jeito de” despedida” o grupo deixa-nos este “Croweology”, um trabalho ao vivo e em registo unplugged onde passa em revista aos momentos principais da sua carreira. Uma maneira feliz de terminar um casamento miserável. Ou uma espécie de saída do plateau com a sensação de dever cumprido.
Mas nem sempre foi assim. Durante o final da década de 80 e até “Amorica” (1994), os Black Crowes eram uma “máquina bem oleada de puro Rock n Roll”. Com um visual “retro” copiado de uma banda acabada de sair de “Woodstock”, os Crowes eram apontados como dignos sucessores dos Rolling Stones de “Exile” ou da costela mais sulista dos Allman Brothers Band ou Lynyrd Skynyrd.
Um som que agradou imediatamente os puristas do Rock e que se demarcou dos restantes grupos da época. Foi nessa altura que editaram os seus dois melhores trabalhos, aqueles que ainda hoje fazem parte da lista dos melhores discos da década de 90: “Shake Your Money Maker” e “Southern Harmony Musical Companion”. Duas obras imaculadas que convenceram muita gente de que esta banda de Atlanta iria ser das tais a entrarem no panteão dos ”Deuses do Rock” (Zeppelin, Stones, etc).
Infelizmente, a história não quis assim. E a cada novo registo da banda, a qualidade e a força das canções ia esmorecendo. Apesar de “Amorica”, “Three Snakes and One Charm” e “By Your Side” (editados entre 1994 e 1998) não serem maus discos, não passavam da mediania.
Os Crowes ainda tentaram virar a toada em 2001 com “Lions”, mas já era tarde demais. A oportunidade já tinha passado e os anos acumulados de estrada traziam enormes tensões entre os manos Chris e Rich Robinson para o seio do grupo.
Agora eles preparam-se para fazer o mesmo. Embora desta vez sem grande mágoa. “Croweology” traz-nos um best of acústico (formato que lhes assenta bem, mas não satisfaz a 100 %) onde encontramos grandes pérolas do Rock como “Jealous Again”; “Soung Singing” e “Remedy” (talvez a melhor música deles de sempre) e algumas baladas que não envergonham ninguém. É o caso de “Wiser Time”; “She Talks to Angels” e “Thorn in My Pride”.
Pelo meio ainda há uma versão de “She”, um original do malogrado Graham Parsons para tornar as coisas mais interessantes. Enfim, casa arrumada, a banda diz “boa noite” e retira-se com dignidade.
“Croweology” até pode nem ser o último disco de sempre dos Black Crowes, mas se fosse seria uma boa maneira de sair pela porta grande.
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