16 julho 2010

Red Hot Chili Peppers - One Hot Minute (1995)

Os Red Hot Chili Peppers são uma banda que me divide - por um lado ouço os primeiros álbuns e o registo funk/rap com uma certa veia punk é algo que soa original para a altura, fresco, diferente de tudo o que se ouvia então (talvez com algumas semelhanças com uns Beastie Boys) com especial destaque para Blood, Sex, Sugar, Magik. Depois pega-se nos mais recentes Californication, By The Way e Stadium Arcadium (este falo só conhecendo 1/2 músicas) e são outra coisa, são uma banda virada para aquela geração de 2ª da MTV (tenho uma teoria que há duas gerações MTV, uma que viveu a estação entre 1990-1994 e outras que a viveu entre 1994 e 2002 por aí, mas isso será tema para debater num post futuro) a disparar singles a torto e a direito, com grandes produções de videoclips e com músicas que se digeriam em três tempos. E depois no meio destas duas partes há um alien chamado One Hot Minute.
Penso serem por todos conhecidos os problemas de drogas que envolveram esta banda, desde a morte por overdose do seu primeiro guitarrista Hillel Slovak, à batalha constante de Kiedis e Frusciante com a heroína e cocaína. Pois bem, One Hot Minute foi concebido mesmo no epicentro de todo este furacão. Frusciante tinha abandonado a banda a meio de um tour no Japão e pairou a incerteza quanto ao futuro da mesma, uma vez que foi muito dificil contratarem um novo guitarrista. No final a escolha recaiu sobre Dave Navarro, ex-Jane's Addiction, com uma escola mais próxima do heavy metal, muito diferente do estilo e influências do restantes membros e foi factor crucial para a mudança radical que se operou no som da banda.
Esta diferença torna-se logo notória na música de abertura, "Warped", uma música hard rock que certamente apanhou os devotos fãs de Blood, Sugar, Sex, Magik desprevenidos e que a mim me fez sentir como se alguém me tivesse agarrado, atirado contra uma parede na sala e despejado toda a sua energia em cima de mim (talve ande a ver filmes a mais, bem sei...). De seguida "Aeroplane", música mais soft e com base funk, onde vem mais ao de cima o baixo de Flea, mas também está lá um solo heavy metal do Navarro intermitando com vozes de crianças a cantar. Entra "Deep Kick" e volta a energia ao máximo para logo a seguir quebrar com a calmia e escuridão de "My Friends". É muito nesta base que assenta este disco, num constante pára arranca, pára arranca que desnorteia quem o ouve. Este efeito é ainda mais acentuado nas duas músicas seguintes, "Coffee Shop" seguido de "Pea", música onde se ouve apenas baixo e voz de Flea. E depois sim, em "One Big Mob" e "Walkabout" se consegue ver, assim ao fundo, as influências mais funk no ritmo, e onde Kiedis está mais próximo do estilo rapper que o caracterizou nos anteriores álbuns. Para a entrada na recta final uma música que marcou a minha viagem de finalistas do 12º ano - "Tearjerker". Suspeito até que o meu CD esteja riscado nesta faixa, uma vez que foi ouvida e cantada em conjunto vezes sem conta, música que Kiedis escreveu sobre a morte de Kurt Cobain e a forma como influenciou toda a banda. Mais para o fim temos então rock ("One Hot Minute"), funk puro ("Falling Into Grace"), hard rock bastante próximo de heavy metal ("Shallow Be Thy Game") e uma excelente "Transcending" para fecho de cortina.
Escusado será dizer que o futuro dos Red Hot não passou por aqui, Navarro foi posto a andar em 1998 por "diferenças de criatividade" e de volta apareceu Frusciante, após descida aos infernos do vício e necessária recuperação. Este álbum foi a partir de então renegado pela banda e nenhuma música é tocada ao vivo nos seus concertos o que me parece injusto, dado que apesar de ter desvirtuado um pouco os desígnios e estilo assumido inicialmente, tem boas músicas que muito agradam aos fãs com veia mais rockeira como é o meu caso. E a modos que é isto.

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