16 fevereiro 2009

Oasis@Pavilhão Atlântico - 15/02/2009

Iniciamos hoje uma nova rubrica chamada OWT (OQE1BLOG Was There) & About, em que faço uma apreciação ao concerto a que acabei de assistir. Teria sido muito mais profícuo entre 2005 e 2007, por ter visto a vasta maioria dos concertos na área de Lisboa nesse período, mas jogamos com as cartas que temos.

Começamos, e bem, com o concerto de hoje dos lendários Oasis, no Pavilhão Atlântico. Não estava cheio, sendo que os concertos não se medem pela quantidade de gente. O público reagiu bastante, mas mais aos clássicos, como seria natural.

Em termos de som - a perene questão dos espectáculos musicais no Atlântico -, a bola de som dos Oasis adaptou-se bastante bem à bola de som que o próprio pavilhão tem tendência a criar. Dito isto, a música não sofreu por aí além, mesmo a meio do recinto.

Os Oasis estão parados na maior parte do tempo e deixam o movimento em palco por conta dos ecrãs de vídeo, que misturavam imagens em directo do concerto, incluindo o público, com desenhos semelhantes ao artwork do último disco, Dig Out Your Soul.

Com pontualidade britânica, os Oasis começaram o concerto poucos minutos depois da hora de início: 21 horas. Para quem sabia que não podia chegar atrasado, a minha suspeita confirmou-se. Às 22h10, chegou o único encore. Os concertos não se medem por quantidade de encores - esta é uma banda que sabe disso e não ignora esse facto. Mas todos têm pelo menos um, e foi o que os Oasis nos deram: o da praxe. Tocaram depois mais umas 4 canções, acabando o concerto perto de 1h45 de duração.

A banda escolheu uma quantidade equilibrada entre o novo material e o anterior catálogo. Tocaram muitas das canções que levaram a maioria das pessoas ao concerto, mas também mostraram outras não tão familiares. Que era o esperado.

Também como seria de esperar, o Liam é arrogante, desligado e parece, passe a vulgaridade, uma besta. Já o mano mais velho foi afável e caloroso, postura que vem adoptando de há uns 10 anos para cá. Portanto, tivemos o Noel dos últimos tempos. Mais uma vez, a interacção com o público não faz o concerto; contudo quando falamos de um conjunto de canções que, na sua maioria, apenas exige que se mudem dois dedos a cada acorde na guitarra, isso ajuda.

Para quem gosta desse tipo de coisas, fazemos aqui um breve levantamento do que foi dito pelos irmãos Gallagher. Primeiro, quando o Liam perguntou «Anyone here from England?», descobrimos que a percentagem de ingleses no pavilhão rondava os 70%; depois, que lhe apetecia mandar a pandeireta à cabeça de umas quantas pessoas ali presentes. Foi ele que disse. Já o Noel foi dizendo bem do público e aplaudindo de volta com frequência, e chegou a ter uma amorosa interacção (não confundir com interacção amorosa): «... You love me? ... Aw thanks, I love you too!», suficientemente caloroso para ser sincero. Mas os melhores momentos de interacção da noite foram o vigoroso acompanhamento do público à versão acústica e praticamente a solo - pelo Noel, claro - de Don't Look Back In Anger; e quando o Noel fez o inevitável e se pôs a falar de futebol: «Can I ask you a favour? If you ever see José Mourinho, alright? Can you ask him please to come back to England? And tell him from me that I fokkin' love him! And he has to become the new manager of Manchester City.»

No que toca ao alinhamento, o início foi Rock n' Roll 101. Ou seja, como indicam as primeiras lições dos concertos, pede-se que se comece a rockar. No caso dos Oasis, isso passa das 3 canções do costume a 6, com Fuckin' In The Bushes, Rock n' Roll Star, Lyla, Cigarettes and Alcohol, The Shock of The Lightning, The Meaning of Soul e To Be Where There's Life, onde as novas músicas foram as mais interessantes para mim, mas mais as velhas aparentemente mais interessantes para o público. Depois, o Liam saiu de palco e deixou os deveres de vocalista para o irmão mais velho para a excelente Waiting For The Rapture e The Masterplan, sem dúvida uma das favoritas da noite.

O concerto continuou com Songbird, Slide Away, Morning Glory, Ain't Got Nothing, The Importance of Being Idle, I'm Outta Time, Wonderwall e Supersonic. O encore teve 4 canções, com a já referida Don't Look Back In Anger, as excelentes Falling Down e Champagne Supernova e, para finalizar (talvez a única grande surpresa da noite, pelo menos para mim), uma cover de I Am The Walrus, que não serviu mal quem ouviu.

O melhor e o pior que se pode dizer do concerto é que foi exactamente aquilo que se estava à espera. São pachorrentos, por vezes dão aquele ar fleumático de quem se está nas tintas (no caso do Liam, sempre), apesar do Noel ser evidentemente um gajo porreiro, tocaram o que se esperava, durante o tempo standard. Mas, quando se fala de uma banda como os Oasis, isso é bastante bom.

3 comentários:

Vasco disse...

O concerto dos oasis fez lembrar o de nirvana em cascais. As músicas falaram por si e não foi necessário recorrer a bajulações do género "I love you Portugal", mais próprias de bandas como rolling stones ou u2, que repetem os mesmos elogios em todos os países.

Cisto disse...

Qual é a relevância do grau de interacção de um intérprete para quem está interessado em apreciar a sua música? Muito menor do que a acústica de um recinto, diria eu.

OQE1BLOG disse...

Vasco: concordo.

Raul: concordo. Por isso mesmo referi a acústica do recinto primeiro. Falei mais da interacção com o público porque houve uma pessoa que mo tinha pedido.