05 maio 2009

Sinais dos Tempos


Rock is dead ou é simplesmente a música e o seu veículo que estão: a) a morrer?; b) a mudar? c) a dar a volta?
Nesta minha pequena visita a Nova Iorque constatei um facto que já tinha percebido em Londres também. A indústria musical está numa crossroad, senão vejamos. Tower Records, uma das empresas de música mais fortes, com uma cadeia de lojas em Inglaterra e Estados Unidos faliu. As suas lojas nos EUA e Inglaterra fecharam, apenas continua na Colombia, México,Irlanda e em alguns poucos países asiáticos.
Segundo exemplo, este mais recente. As lojas de música da empresa Virgin foram vendidas a um grupo de nome Zavvi, em Inglaterra, que tinha parceria com a Woolworths. Em pouco mais de um ano foram ambas à falência. Maior parte das muitas lojas Virgin/Zavvi foram compradas pela HMV, agora a maior e única cadeia de lojas a vender música na Grã-Bretanha. Nos EUA, a Virgin, para grande espanto geral está, também, a fechar portas. Lojas enormes vão ser vendidas ainda não se sabe a quem. A Virgin de Times Square, NY vai ser vendida a uma cadeia de roupas "Forever 21".
Em Portugal, a própria Virgin fechou. Para mim uma das melhores lojas de música em solo nacional, não só devido ao tamanho mas também à qualidade e quantidade de oferta, e, obviamente no espaço que estava inserida. No entanto o caso mais flagrante terá mesmo sido o da Valentim de Carvalho. Com lojas pequenas um pouco por todo o lado, juntando à relativamente grande no Rossio, agora uma loja de sapatos de que não recordo do nome, a VC fez bem o seu papel. A concorrência feroz por parte da novata Fnac no fim dos anos 90 fez com que a Valentim de Carvalho tentasse lutar com os seus próprios meios, abrindo uma super mega store no Chiado, agora uma H&M. Da Valentim de Carvalho sobrou nada ou quase nada, já que ainda se pode encontrar uma semi loja arraçada de Magnolia no Saldanha Residence e uma, já quase cadáver, no Centro Comercial Alvalade.
A história da VC pode ser quase papel químico da discoteca Roma. Um clássico da Avenida que lhe deu nome, a loja de discos quis crescer, abrindo outras lojas pequenaspelo país fora, e uma megastore em plena Av. da República. Pouco tempo duraram estas novas lojas, obrigando, inclusive, ao encerramento da casa mãe, para desgosto de muitas pessoas, eu incluido.
Só uma cadeia resiste em Portugal. Fnac. Aberta em Portugal no final dos anos 90, a marca francesa foi um sucesso, abrindo um espaço no C.C. Colombo de grande prestígio. Tendo já feito mais de 10 anos em Portugal, a Fnac já tem em território nacional dezenas de lojas. Apenas um senão. A experiência com as Fnac Service foi um fracasso. Fecharam todas.
A Worten já teve no seu ínicio uma boa escolha musical. Neste momento limita-se a vender êxitos.

1)Será que a Fnac resiste por conseguir equilibrar bem a balança entre livros,discos,jogos,filmes,material Hi-Fi? Ou será que irá, também, um dia cair?

2)Virgin e Tower Records existem mas praticamente só no online. Será esta a solução?

3)As pequenas lojas de discos, mais orientadas para públicos alvo econhecedores estão a voltar a emergir, estaremos a dar a volta? Aproximar a loja e o seu vendedor do cliente?

Estas são perguntas que ficam no ar.

24 comentários:

Cisto disse...

Eu parece-me que o que tem acontecido se deve a:
1-mudança drástica do mercado (com o bendito surgimento do mp3)
2-incapacidade de adaptação/oferta inadequada de produtos
3-credit crunch

Neste mundo capitalista, vence quem se adapta ao mercado. Obviamente que o que a Fnac oferece é de longe muitíssimo superior a todas essas outras lojas e por isso é que continua a acumular lucros atrás de lucros, permitindo uma expansão muito benéfica para a população, em termos consumistas.
Esta crise mundial serviu apenas para apurar a sobrevivência dos mais aptos.
Quanto à associação entre falência de empresas corporativas enraizadas no capitalismo e a morte do Rock, diria apenas que para mim o Rock morre no momento em que se torna um produto de consumo massificado e que me estou a cagar para a Zavvi e para a Virgin e o c***l*o a 4.

Anónimo disse...

este artigo vem dum garoto que tem um ipod com 120 gigas de músicas "toda legal"

Bobe disse...

Neste mundo é necessário não dar prejuízo, até pq há ordenados para pagar, rendas, etc e tal.
Como tal caso queiras ter uma megastore apenas com música, talvez tenhas de aumentar as margens de lucro desses produtos. E assim, sendo nao te tornas competitivo com outras mais pequenas ou apenas online.
Ou então diversificas a oferta, e vendes outros produtos que tenham margem de lucros maiores q cd e podes apresentar preços competitivos... vender produtos musicais e manter as portas abertas.
As lojas online são uma solução, como as lojas pequenas dedicadas a produtos específicos e direccionado para clientes específicos.

Qt ao comentário do anonymous, estranho conhecer o ipod de 120 gigas e não conhecer a colecção de vinis do autor do post.

Anónimo disse...

O facto de ele comprar discos vinil ao mesmo tempo que saca como um alarve músicas da net, faz lembrar o padre duma aldeia do norte que era muito bonzinho para os pobres e velhinhos mas à noite andava metido com os garotos da paroquia.
Segundo essa brilhante lógica, podes cometer um crime a partir do momento que esporadicamente cumpras a lei.
Então se eu matar hoje um homem mas amanhã ajudar um ceguinho a atravessar a estrada fico automaticamente ilibado, certo?

frederico disse...

O facto de eu andar a comprar aos poucos todos os discos que saco da net não quer dizer nada pois não?

Bobe disse...

essa do padre, sinceramente, recorda-me mais pessoas que se dizem comunistas e que afinal têm vida de burguês.

Quanto à "brilhante lógica",acredito que se grande parte das pessoas a seguisse a tal crise de que se fala nesta indústria seria bem menor. Mas é claro que fico contente por não seres fã dela e nunca transgredires a lei, já são poucos que se podem orgulhar de ter música e filmes legais, e podem apontar o dedo aos "criminosos".

Qt a assassinos, tenho preferência por aqueles que ajudam ceguinhos, sempre acrescentam algo à sociedade.

Anónimo disse...

Não sabia que ser pedofilo não era um crime e que a malta de esquerda só devia pertencer a um classe social. Que bonito. Marx vivia numa barraca, na volta.

Por muito que goste do mustarda, acho um absurdo este pregar do fim da indústria musical. Tal como ele, gosto de comprar discos e dar uma espreitadela nas novidades dos torrents. Gostava de o ver pregar sobre a industria cinematografica da mesma maneira.

Alex disse...

Como é que de uma conversa sobre a indústria da música se vai parar à pedofilia? Vamos lá a focar no assunto que é importante e relevante.
Na minha opinião, no cenário actual só há espaço para um major player num determinado mercado (fnac em portugal, hmv no uk). O resto terão de ser lojas locais com oferta específica e online.
Eu diria que a própria indústria da música se está a auto-destruir, ao não saber competir com os downloads gratuitos. Fazendo um comparativo com a indústria cinematográfica, não percebo como é que os DVD's baixam gradualmente de preço até conseguir comprar filmes muito interessantes a 5€ (e agora com jornais a 2€), e com os CD's isso não acontece. Mantêm-se ali firmes a 18€, alguns chegam aos 10€ passado uns tempos mas não vai além disso. Isto a meu ver não faz o mínimo sentido, ainda para mais quando a amazon vende os mesmos CD's a preços muito mais baixos. Ainda há pouco tempo falei com o Mustarda que comprei o novo CD dos Franz Ferdinand na semana que saiu por 9€ na amazon quando na fnac ainda agora custa 18 ou 19€. É impensável. Mas há pessoas que os compram, porque têm medo de comprar online e que lhes clonem os cartões e outras cenas. A Fnac beneficia por ter monopólio e ficam todos (aparentemente) contentes. Mas o que é certo é que a pessoa que comprou o CD se calhar não volta lá ao descobrir que está a ser roubado e pode ter a música de graça na internet. Enquanto houver este sentimento de que estamos a ser roubados quando compramos um CD, ninguém se vai preocupar com roubar a indústria. Até porque todos sabemos as condições de vida dificeís na qual os músicos e as grandes editoras vivem...

Anónimo disse...

A razão de os discos serem estupidamente caros em Portugal deve-se ao facto de o IVA ser estupidamente alto.
Mas mesmo sendo baixo, o que levaria os cds rondarem os 9 euros como tu gostas, não iria parar o download ilegal.
Eu quando era garoto preferia ter os discos dos ramones em cassete tdk gravada das antigas de 60 min do que esturrar 5 contos num vinil. .
O acto de comprar um disco deve ser pensado e não deves adquirir tudo o que aparece à frente. Esse desejo Frediano de querer todos os discos é, no meu entender, exagerado.
Em suma, Comprar um disco, deve ser, visto que se trata de um objecto caro e raro, feito com moderação e com olho de lince.
Eu ando farto de ouvir o ganir das editoras. A música deve ser feita com paixão e essa busca pelo lucro só cria bandas como a madonna, u2 ou outras bandecas indie que abundam este site e que duram dois anos.

Cisto disse...

Epá, não sei bem o que vocês acham desta discussão mas

TOU-ME A CAGAR PARA A FNAC E VIRGIN E HMV E DOU GRAÇAS A DEUS POR PODER TER ACESSO A MÚSICA QUE DE OUTRO MODO NEM SEQUER CONHECIA.

Ter pena de encerramentos de empresas corporativas (sem ser pelo emprego por elas criado) é meio estúpido. As empresas que fecham são as que não prestam um bom serviço e raramente isto não é verificável.

Anónimo disse...

Ya! NAPALM sobre essas empresas nojentas todas que chulam a malta q gosta de música. Viva o comércio tradicional tipo carbono.

frederico disse...

Ninguém está a falar de pena. Eu estou completamente de acordo com o mp3. Acho que não conheceria metade ou mais da música que tenho hoje em dia. Mas o mp3 não é a soluçao. Eu, pessoalmente, prefiro sempre o veículo físico da coisa, chama-me nostálgico ou whatever, mas para mim o mp3 é apenas o lado cómodo da coisa. A possibilidade de ter infindáveis discos em apenas 10X7cm é francamente uma das melhores coisas inventadas desde que inventaram o jogo do risco, porém nada me tira o prazer de ter o disco ou cd original na mão. E, há sempre numa loja a novidade de algo que nunca viste, uma promoção do dia ou da semana, alguém que te pode aconselhar. Prefiro, obviamente, as pequenas lojas com produtos específicos, no entanto, gosto de saber que há sempre uma megastore à minha espera elsewhere, onde passo alguns bons momentos a ver discos, entre outras coisas. Se as lojas fecham, deixam de vender-se discos. Se não se vendem discos, os músicos passam a ter que começar a vender eles próprios como fizeram os Arctic Monkeys, mas isso é quase utopia pensar que é o futuro e a solução para bandas emergentes. Eu não me queixo mas acho que o futuro é teres bandas com anos tipo U2,Stones,Madonna,Bryan Adams, etc sempre com divulgação, porquem têm uma grande máquina à sua volta e bandas novas com grande valor a não conseguirem aparecer.

Cisto disse...

a música é um privilégio etéreo, não é um objecto, anda pelo ar, chega-nos aos tímpanos, que por sua vez a conduzem pelos nervos auditivos até ao cérebro para que este a processe e nos deleitemos.
O suporte físico que possibilita tudo isto é absolutamente acessório.

Anónimo disse...

vai perguntar às grandes bandas INTERNACIONAIS se se ralam com o mp3.
Desde o chuck D até aos arctic monkeys, querem é que a sua música seja ouvida. Temos é de pagar o preços dos bilhetes dos concertos, visto que, essa é a principal fonte de riqueza das bandas. O dinheiro dos discos vai todo para os xulos das editoras.

frederico disse...

ah... boa explicação. Mas sem suporte físico, incluindo ipod ou pc para passares mp3, não ouves nada. Para ti tanto te faz ouvires em mp3,cd ou disco. tudo bem. Compreende é o facto de a falta de vendas contribuir para que deixe de haver oferta em mp3 de coisas novas. as coisas antigas, as que já existiram em formato físico sempre vão continuar a existir e ainda bem. O mp3 tem, a meu ver, a melhor das utilidades no que concerne à distribuição e divulgação da música e até de conservação, dado existirem muitos discos já não editados e de díficil localização que apenas se encontram em mp3. É, no entanto, uma faca de dois gumes a questão do mp3. Se bandas fortes sempre continuarão a existir, outras poderão nem sequer vir a aparecer. Nem todos têm meios para fazerem DIY e de se darem ao luxo de não fazerem dinheiro nenhum durante muito tempo. estes B-Fachada,Pontos Negros,Golpes,etc. só subsistem porque têm meios pessoais para isso e não é certo continuarem durante muito mais tempo a fazer música, até porque esta não é de qualidade acima da média.

Anónimo disse...

mas o formato mp3 não é o formato que a banda quer que tu oiças. É um formato comprimido e castrador da qualidade do formato CD.

Cisto disse...

Mustarda, dá-me um dado estatístico que afirme ou sugira que desde o surgimento do mp3 tem havido menos criatividade, menos concertos, menos bandas emergentes.
Dá-me isso, e retiro tudo o que aqui disse.
Em relação à qualidade do meio físico que transporta a música, nada há que se compare a um bom concerto. Hoje em dia qualquer músico consegue gravar os seus próprios cds e pô-los à venda, na net ou à porta dos seus concertos.
Se me disseres que mesmo assim eles não terão vinil... epá tudo bem, mas qual a percentagem de pessoas que ouve vinil? Há alguma evidência científica que diga que o vinil tenha maior qualidade que o cd? Eu duvido. E MUITO!

frederico disse...

Mas eu concordo contigo no facto de o mp3 e a internet em especial ter dado um novo folêgo à música. Seja de que sítio do mundo onde estejas, podes conseguir ter o disco ou single novo de X banda. Eu defendo é haver um espaço físico onde te desloques para poderes encontrares discos. Senão nunca mais saio de casa e faço tudo em casa. Nem vou a concertos porque saco um DVD e é a mesma coisa, até porque nem sempre tens acesso a concertos. Não vivemos em Londres ou USA...

Cisto disse...

bem, mas se a questão é em sair de casa para ir a uma grande superficie comprar discos numa alegre passeata... nesse caso não formulo opinião.
Para mim, hoje em dia tens acesso a todos os cds que quiseres online, inclusivamente nos sites dos artistas. De certo modo, até lhes permites terem maior margem de lucro nos cds vendidos.
Mas ouvir música não requer que saias de casa, pois claro que não.

Anónimo disse...

ele quer é andar na passeata

frederico disse...

Não é questão de passeatas. Nem toda a gente tem disponibilidade de andar a pesquisar na net sobre novos lançamentos ou novas bandas. As grandes e pequenas superficies também servem para isso mesmo... Eu falo no meu exemplo. Pesquiso,investigo,compro online,compro em pequenas e grandes lojas, faço downloads. Mas, infelizmente nem todos podem ser assim...

Alex disse...

Para mim, parte da magia da música é ir a uma loja, ver os CD's e vinis à nossa volta, abrir o CD/vinil, ver a arte envolvida na capa... Tudo isso faz parte do universo da música que me atrai, além claro da experiência de se ouvir a música propriamente dita. Para mim, como consumidor, o momento actual é próximo do perfeito, sendo que alteraria apenas o preço dos CD's em Portugal. Ouço tudo o que quero, compro os CD's que me interessam do que ouço (80% online devido aos preços), vou às lojas locais para ver as novidades e falar um pouco com quem lá trabalha (mais uma importante referência). Ou seja um consumidor atento safa-se bem. E isso é que interessa. Para os consumidores pouco atentos ou para as Valentins de Carvalho tou-me a cagar...

Bobe disse...

Hoje em dia podes comprar e ouvir musica pela net, fazer as compras do hipermercado pela net, encomendar 1 nespresso pela net, encomendar as capsulas pela net e falar com os teus amigos via msn. podes fazer ginastica com a consola, podes ver filmes sem ir a cinemas e clubes de video, etc...
e td isto até é + barato online em casa do que se puseres os pés na rua e atreveres-te a dar uma, para alguns patética, "passeata"

Cisto disse...

(tou sem acentos ou cedilhas)
so para que fique claro, joao, nao sugeri que a passeata fosse patetica, mas sim que nao era do meu interesse gastar tempo a percorrer grandes superficies e que se esse era isso a que se referia o Mustarda entao eu nao tinha nada a dizer.
Repito e formalizo o meu ponto de vista: a maior parte dessas megastores (pela minha experiencia em Londres e exceptuando a Fnac em Portugal, que acho ser uma loja fantastica) que causaram a preocupacao do Mustarda sao mediocres: nao tem grandes produtos excepto os de venda mais massificada, nao tem grandes precos, nao te deixam ouvir os produtos previamente 'a compra, nao tem empregados esclarecidos. Logo, passear por elas para que? para ser bombardeado com marketing relativo a produtos desnecessarios (musica de merda, dvds de merda, jogos de consolas, t-shirts, bonecada)?
Se eu quero ter a experiencia que o Alex se refere vou a pequenas lojas mais vocacionadas para o meu gosto (algumas lojas em Londres, em Portugal temos o exemplo da FLUIR). Ai sim tenho a possibilidade de descobrir coisas novas e o prazer de permitir que um negocio decente, familiar e honesto sobreviva.