03 fevereiro 2009

Hawkwind


Premissa: estes tipos são loucos. O nome da banda, Hawkwind, deriva de umas práticas escatológicas do flautista/saxofonista (Nik Turner) que fez parte do grupo original. Segundo rezam as crónicas, o bom do Nik, um londrino até bem-parecido, tinha a mania de pigarrear (hawking) e de - não há outra forma de dizê-lo - flatular-se profusamente (winding). Enfim, perde-se todo o encanto por um nome à partida bastante "cool". Mas que isto não nos faça perder a perspectiva e o respeito por um conjunto formado em 1969 e que se encontra ainda no activo.

A onda deles era, basicamente, psicadélica, temperada com (muitos) pozinhos estelares da ficção científica - o escritor sci-fi Michael Moorcock (o apelido é, igualmente, sugestivo) foi intenso colaborador e emprestou a sua voz a algumas músicas. Não vou discorrer sobre a extensa discografia dos Hawking, que chegaram a editar álbuns à razão de um por ano até meio dos 80's do século passado, ou sobre a composição do grupo (muito variável) e concertos (que incluíam dançarinas... exóticas). Vou, isso sim, dar a opinião sobre os álbuns aos quais tive acesso (cortesia do nosso incansável Mr. Mustard).

Experimentem ouvi-los à noite, no escuro. Foi o que fiz. O objectivo era adormecer ao som de uma banda desconhecida e evitar, assim, trautear as músicas para me perder no mundo onírico. Não cumpri a meta e só me lembro de isto ter acontecido quando, nos mesmo moldes, experimentei o Kid A dos Radiohead. A música dos Hawkwind está "way out there": fantástica - do substantivo fantasia-, louca, complexa, (a)variada, instrumental, sei lá que mais. Sabem aquele smile - : - que nos transmite incredulidade? Foi assim mesmo que fiquei. Aqui e ali, claro, sentimo-nos próximos dos Pink Floyd ou de outros seus contemporâneos, mas a loucura dos Hawkwind empurra-os para fora de qualquer formato mais tradicional. Os refrões ("catchy" em inglês; "orelhudos", convencionou-se chamar em Portugal) puramente não existem, as guitarras viajam com o vento e tu também.

Agora, tenho que experimentar ouvir isto à noite, mas ébrio.


4 comentários:

Du disse...

Caro Pete,
tomei conhecimento dos Hawkwind da mesmo forma que tu, através do incansável. Ainda não ouvi totalmente, mas a primeira impressão que tive foi mesmo essa. De um psicadelismo muito "agradável", ideal para ouvir nesse escuro da noite.
Falta, exactamente, ouvir isto mais ébrio, talvez, mais perto da forma como as músicas foram feitas.

Pedro Candeias disse...

Du,

Proponho uma sessão de grupo bem regada, para uns, ou fumada, para outros, com este som (ou as duas hipóteses, claro).

Du disse...

Vamos a isso!!!
(não se pense que digo isto apenas pelo gosto pela ebriedade, mas sim pelo bem da música)

Vasco disse...

com seios?