No imaginário de muitas pessoas, o concerto rock está intimamente ligado ao estádio. A visão de um sítio aberto, amplo e povoado por milhares de pessoas a cantar em uníssono com a banda ou cantor faz parte do imaginário colectivo de muitos de nós. É, por vezes, uma experiência transcendental. Ora, todo este misticismo que se convoca quando falamos de um concerto, e, sobretudo num estádio traz vivas memórias à mente das pessoas. Há duas coisas que nos saltam logo à cabeça: sol e confraternização. E pode se perguntar “sol? Mas a maior parte dos concertos ocorre à noite”. Nada mais correcto, no entanto, é o ínicio que nos deixa aquele sorriso na boca, aquele gosto que perdurá sempre na memória quando nos lembramos de concertos que fomos há anos e anos.
Claro que há muitas pessoas trabalham ou estudam até tarde e fazem tudo por tudo só para chegar a tempo do primeiro acorde da banda principal, no entanto, para quem pode saborear todo o momento de um concerto rock, torna-se, sem exagero, em uma das grandes experiências na vida. A excitação que se começa a sentir no dia anterior até à caminhada que se faz até à porta do estádio faz parte deste misticismo clássico do que é assistir a um concerto. Até a confraternização à porta do estádio nos sítios clássicos para comer a bifana e a imperial é, também, uma celebração. Não obstante o facto de se ter modernizado os estádios, as organizações dos eventos serem já impecáveis, o bichinho mantém-se inalterável.
Quando falamos em Rolling Stones, essa imagem torna-se ainda mais vívida, e é, sem dúvida, uma celebração da música.
A vinda de uma banda tão conceituada e tão consagrada ao nosso país é sempre uma notícia relevante. E nem o facto de todos os elementos da banda estarem na casa dos sessenta anos, de já ser a quinta vez que visitam o nosso país e, sobretudo, por ainda o ano passado terem actuado no Estádio do Dragão, no Porto, retirou a chama de mais um concerto em Portugal.
Se da primeira vez que se fizeram ouvir em Portugal, a maioria das pessoas presente já eram pais, ontem, em Lisboa, muitos desses já eram avós e vinham acompanhados por filhos e, imagine-se, também pelos netos. Três gerações em perfeita sintonia com o som. A música tem tanto o poder de separarar geracionalmente como, depois, para unir.
No exterior do estádio, grupos de amigos reuniam-se ao sabor de vários tragos de cerveja, entoando clássicos da banda britânica. O ambiente começava a compôr-se e, entre lembranças de concertos anteriores e conversas sobre desculpas que deram aos patrões para estarem mais cedo à porta do estádio, o alarido de sirenes policiais fazia-se sentir.
O cortejo Stones começava. Um a um começavam a chegar os elementos da banda a Alvalade. Cada em sua viatura. Mick Jagger filmava enquanto passava entre a multidão. Talvez para introduzir essas imagens num futuro DVD da banda que se prevê para o fim da digressão. Um pouco à imagem do que Bryan Adams fez na sua passagem por Portugal, o que resultou num DVD ao vivo no nosso país.
Com o abrir das portas pelas 17 horas, algumas pessoas tentavam já marcar o seu lugar o mais perto possível do palco, como que dizendo, “Mick e Co. Estamos presentes!”.
Entre a abertura de portas e as 20 horas, momento em que os Jet começavam a primeira parte do espéctaculo, poucas eram as pessoas no interior do estádio, o que parecia fazer crêr que afinal este concerto dos stones ia ser marcado por uma muito baixa assistência. Assistência esta que, de tempos a tempos, ia se animando com o som que se fazia ouvir pelas grandes colunas do palco. Uma grande obra de arte, fazendo parecer uma nave espacial repleta de luzes.
Ainda os últimos raios de sol se faziam sentir no interior do estádio de Alvalade quando os quatro elementos da banda Australiana Jet invadiram o recinto. Bastante inspirados por bandas como Rolling Stones, Oasis, Kinks e até AC/DC, os Jet foram buscar o seu nome a uma música de Paul Mccartney. Com o intuito de tentarem agarrar o (pouco) público presente no recinto, os Jet apenas tocaram músicas mais a rasgar, com especial destaque para a Are you gonna be my girl, tema usado pela companhia Vodafone, que os levou para a ribalta. No entanto, apesar de a banda ter alguma vontade e alguma postura, não conseguiram fazer grande mossa entre a multidão. Talvez porque afinal não saibam mesmo fazer o que anunciavam ao mundo aquando do seu primeiro disco, citando uma máxima do ídolo Keith Richards “Some bands know how to rock, but they don’t know how to roll”. Após cerca de quarenta e cinco minutos ao som das músicas mais fortes da banda, o concerto chegava ao fim e chegava ao fim também a espera de milhares de pessoas para verem os seus artistas favoritos. A noite tinha caído em Lisboa, e via-se nos ecrâs gigantes imagens e sons da banda que se formou em Londres em 1962. As luzes do palco desligaram-se, o público, agora em muito maior número, começava a ir ao rubro. Uma panóplia de cores, objectos e fogo de artifício fizeram-se sentir e ao fundo do palco já se viam os elementos dos Stones. Ia começar o Show.
Apostas para qual seria a primeira música começavam-se a fazer. A espera tinha acabado. Start me up era mesmo a inicial e assim abriu o espectáculo.
Mick,Charlie,Ron e Keith, acompanhados pelos já habituais membros da banda de suporte começaram a mostrar que, afinal, a idade ainda é um posto e deram mostras da sua eterna juventude.
You got me rocking do disco Voodoo Lounge e Rough justice do seu último trabalho A Bigger Bang foram os temas mais “novos” que a banda tocou, o que é compreensível, dado que quase toda a gente presente espera pelos clássicos. No entanto, apesar de terem presenteado o público com os temas mais óbvios, Mick e companhia foram ainda buscar alguns tesourinhos, estes não deprimentes, mas sim de grande orgulho, como You got the silver, She’s so cold, Bitch e I wanna hold you, este último cantado por Keith Richards, que se mostrou ao público lisboeta parecendo ainda estar no filme Piratas das Caraíbas.
Claro que há muitas pessoas trabalham ou estudam até tarde e fazem tudo por tudo só para chegar a tempo do primeiro acorde da banda principal, no entanto, para quem pode saborear todo o momento de um concerto rock, torna-se, sem exagero, em uma das grandes experiências na vida. A excitação que se começa a sentir no dia anterior até à caminhada que se faz até à porta do estádio faz parte deste misticismo clássico do que é assistir a um concerto. Até a confraternização à porta do estádio nos sítios clássicos para comer a bifana e a imperial é, também, uma celebração. Não obstante o facto de se ter modernizado os estádios, as organizações dos eventos serem já impecáveis, o bichinho mantém-se inalterável.
Quando falamos em Rolling Stones, essa imagem torna-se ainda mais vívida, e é, sem dúvida, uma celebração da música.
A vinda de uma banda tão conceituada e tão consagrada ao nosso país é sempre uma notícia relevante. E nem o facto de todos os elementos da banda estarem na casa dos sessenta anos, de já ser a quinta vez que visitam o nosso país e, sobretudo, por ainda o ano passado terem actuado no Estádio do Dragão, no Porto, retirou a chama de mais um concerto em Portugal.
Se da primeira vez que se fizeram ouvir em Portugal, a maioria das pessoas presente já eram pais, ontem, em Lisboa, muitos desses já eram avós e vinham acompanhados por filhos e, imagine-se, também pelos netos. Três gerações em perfeita sintonia com o som. A música tem tanto o poder de separarar geracionalmente como, depois, para unir.
No exterior do estádio, grupos de amigos reuniam-se ao sabor de vários tragos de cerveja, entoando clássicos da banda britânica. O ambiente começava a compôr-se e, entre lembranças de concertos anteriores e conversas sobre desculpas que deram aos patrões para estarem mais cedo à porta do estádio, o alarido de sirenes policiais fazia-se sentir.
O cortejo Stones começava. Um a um começavam a chegar os elementos da banda a Alvalade. Cada em sua viatura. Mick Jagger filmava enquanto passava entre a multidão. Talvez para introduzir essas imagens num futuro DVD da banda que se prevê para o fim da digressão. Um pouco à imagem do que Bryan Adams fez na sua passagem por Portugal, o que resultou num DVD ao vivo no nosso país.
Com o abrir das portas pelas 17 horas, algumas pessoas tentavam já marcar o seu lugar o mais perto possível do palco, como que dizendo, “Mick e Co. Estamos presentes!”.
Entre a abertura de portas e as 20 horas, momento em que os Jet começavam a primeira parte do espéctaculo, poucas eram as pessoas no interior do estádio, o que parecia fazer crêr que afinal este concerto dos stones ia ser marcado por uma muito baixa assistência. Assistência esta que, de tempos a tempos, ia se animando com o som que se fazia ouvir pelas grandes colunas do palco. Uma grande obra de arte, fazendo parecer uma nave espacial repleta de luzes.
Ainda os últimos raios de sol se faziam sentir no interior do estádio de Alvalade quando os quatro elementos da banda Australiana Jet invadiram o recinto. Bastante inspirados por bandas como Rolling Stones, Oasis, Kinks e até AC/DC, os Jet foram buscar o seu nome a uma música de Paul Mccartney. Com o intuito de tentarem agarrar o (pouco) público presente no recinto, os Jet apenas tocaram músicas mais a rasgar, com especial destaque para a Are you gonna be my girl, tema usado pela companhia Vodafone, que os levou para a ribalta. No entanto, apesar de a banda ter alguma vontade e alguma postura, não conseguiram fazer grande mossa entre a multidão. Talvez porque afinal não saibam mesmo fazer o que anunciavam ao mundo aquando do seu primeiro disco, citando uma máxima do ídolo Keith Richards “Some bands know how to rock, but they don’t know how to roll”. Após cerca de quarenta e cinco minutos ao som das músicas mais fortes da banda, o concerto chegava ao fim e chegava ao fim também a espera de milhares de pessoas para verem os seus artistas favoritos. A noite tinha caído em Lisboa, e via-se nos ecrâs gigantes imagens e sons da banda que se formou em Londres em 1962. As luzes do palco desligaram-se, o público, agora em muito maior número, começava a ir ao rubro. Uma panóplia de cores, objectos e fogo de artifício fizeram-se sentir e ao fundo do palco já se viam os elementos dos Stones. Ia começar o Show.
Apostas para qual seria a primeira música começavam-se a fazer. A espera tinha acabado. Start me up era mesmo a inicial e assim abriu o espectáculo.
Mick,Charlie,Ron e Keith, acompanhados pelos já habituais membros da banda de suporte começaram a mostrar que, afinal, a idade ainda é um posto e deram mostras da sua eterna juventude.
You got me rocking do disco Voodoo Lounge e Rough justice do seu último trabalho A Bigger Bang foram os temas mais “novos” que a banda tocou, o que é compreensível, dado que quase toda a gente presente espera pelos clássicos. No entanto, apesar de terem presenteado o público com os temas mais óbvios, Mick e companhia foram ainda buscar alguns tesourinhos, estes não deprimentes, mas sim de grande orgulho, como You got the silver, She’s so cold, Bitch e I wanna hold you, este último cantado por Keith Richards, que se mostrou ao público lisboeta parecendo ainda estar no filme Piratas das Caraíbas.
Sempre em grande forma, Mick Jagger percorria de um lado para o outro e de cima para baixo, o grande palco, parecendo ainda ser o mesmo homem de há 20,30 ou 40 anos atrás. Decerto muitos na mesma faixa etária devem ter pensado para si mesmo como seria possível...
Um dos momentos altos para o público português foi a entrada em palco da fadista Ana Moura para cantar em dueto com Mick Jagger a música No Expectations. Ela, que já tinha trabalhado num projecto com os Stones, que a descobriram numa casa de fados e ficaram encantados com ela. Embora a voz lhe tenha falhado com a emoção de estar a cantar para milhares de pessoas, o produto final acabou por ser positivo e de grande orgulho para o público. Mick agradeceu e por diversas vezes experimentou falar umas palavras em português. O público estava rendido.
Com Ron Wood em grande forma e a manter o grupo coeso, especialmente em Can’t you hear me knockin, os Rolling Stones iam aos poucos preparando a multidão para uma surpresa. Muitos já tinham ouvido falar dela mas não a esperariam assim tão boa. A meio de It's only rock 'n roll (but I like It), o palco central começa a mexer-se e a vir de encontro ao público e a percorrer o centro do estádio. O público delirou com o facto de estar tão perto dos seus ídolos. Uma espécie de recompensa para quem não consegue estar tão perto do palco. Seguiram-se Satisfaction, que, obviamente foi o ponto alto em termos de coro, porém quem olhava para trás para o palco principal começava a ver uma boca e língua gigante, o símbolo mítico da banda, a ser insuflada no topo. Adivinha-se o que se seguiria. Honky Tonk Women. Uma labareda gigante fez aquecer até a mais friorenta das pessoas em Alvalade e os primeiros acordes do diabo sentiam-se... Sympathy for the devil fez estremecer o estádio e Mick Jagger sentiu-se, literalmente, no topo do mundo a balancear-se como um jovem de 20 anos. Inesquecivel.
Seguiram-se Paint It Black, uma das músicas mais dark e míticas, a qual continua a falhar uma homenagem a Brian Jones, um dos membros mentores da banda desaparecido em 1969. Jumpin’ Jack Flash e Brown Sugar acabaram em beleza o concerto fazendo água na boca às cerca de 30 mil pessoas presentes em Alvalade.
Duas horas de concerto, apesar de tudo, souberam a pouco. Faltaram alguns clássicos, mas nem sempre se pode agradar a todos quando se tem uma carreira de 45 anos... Esperemos que nos 50 anos de carreira cá estejam de novo para nos trazer todos esses clássicos naquela que será uma celebração não apenas de carreira mas sim de vida. Vida dedicada à música. Eles sempre hão de saber “how to rock and to roll”.
Um dos momentos altos para o público português foi a entrada em palco da fadista Ana Moura para cantar em dueto com Mick Jagger a música No Expectations. Ela, que já tinha trabalhado num projecto com os Stones, que a descobriram numa casa de fados e ficaram encantados com ela. Embora a voz lhe tenha falhado com a emoção de estar a cantar para milhares de pessoas, o produto final acabou por ser positivo e de grande orgulho para o público. Mick agradeceu e por diversas vezes experimentou falar umas palavras em português. O público estava rendido.
Com Ron Wood em grande forma e a manter o grupo coeso, especialmente em Can’t you hear me knockin, os Rolling Stones iam aos poucos preparando a multidão para uma surpresa. Muitos já tinham ouvido falar dela mas não a esperariam assim tão boa. A meio de It's only rock 'n roll (but I like It), o palco central começa a mexer-se e a vir de encontro ao público e a percorrer o centro do estádio. O público delirou com o facto de estar tão perto dos seus ídolos. Uma espécie de recompensa para quem não consegue estar tão perto do palco. Seguiram-se Satisfaction, que, obviamente foi o ponto alto em termos de coro, porém quem olhava para trás para o palco principal começava a ver uma boca e língua gigante, o símbolo mítico da banda, a ser insuflada no topo. Adivinha-se o que se seguiria. Honky Tonk Women. Uma labareda gigante fez aquecer até a mais friorenta das pessoas em Alvalade e os primeiros acordes do diabo sentiam-se... Sympathy for the devil fez estremecer o estádio e Mick Jagger sentiu-se, literalmente, no topo do mundo a balancear-se como um jovem de 20 anos. Inesquecivel.
Seguiram-se Paint It Black, uma das músicas mais dark e míticas, a qual continua a falhar uma homenagem a Brian Jones, um dos membros mentores da banda desaparecido em 1969. Jumpin’ Jack Flash e Brown Sugar acabaram em beleza o concerto fazendo água na boca às cerca de 30 mil pessoas presentes em Alvalade.
Duas horas de concerto, apesar de tudo, souberam a pouco. Faltaram alguns clássicos, mas nem sempre se pode agradar a todos quando se tem uma carreira de 45 anos... Esperemos que nos 50 anos de carreira cá estejam de novo para nos trazer todos esses clássicos naquela que será uma celebração não apenas de carreira mas sim de vida. Vida dedicada à música. Eles sempre hão de saber “how to rock and to roll”.
5 comentários:
Foi dos melhores concertos que os Stones deram em Portugal! Para tal muito contribuiu a inclusão no alinhamento de alguns temas pouco habituais: "Can You Hear Me Knocking"; "I Wanna Hold on You"; "You Got The Silver" e até "Paint it Black"!
Para quem nunca tinha assistido,ao vivo e a cores a um concerto dos Stones, valeu a pena!
amen :)
Vi coimbra. Vi Porto. Não vi esse. :(
Ver os Stones é ir à escola! :)
Good post.
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