Após a fantástica estreia de Funeral, trabalho marcado pelas mortes de vários entes queridos aos membros da banda, os canadianos de Montreal lançaram em Março deste ano, o sucessor, Neon Bible. Para este álbum, os Arcade Fire compraram uma igreja e foi precisamente aí que resolveram gravar grande parte das músicas, especialmente devido ao efeito de acústica que o espaço oferecia e ainda porque continha um grande piano que passaria a ser o mote deste disco, bem visível em "Intervention". Com um começo algo aterrador em "Black Mirror", digno de banda sonora com fundo mais sombrio, os Arcade Fire mostram um lado mais político e sobretudo mais negro do que em Funeral. O mundo não é, já, um sítio tão bonito como se poderia pensar. Há injustiças em todo o lado, até na própria igreja. Para uma banda que conta com quase tantos elementos como uma equipa de futebol, os Arcade Fire conseguem fazer uma fusão entre as várias vozes, instrumentos e personalidades que acaba por criar uma espécie de grande orquestra. O tema sombrio de Neon Bible denota-se um pouco por todo o disco como em "Black Wave/ Bad Vibrations", "Antichrist Television Blues", uma mistura de Dylan com Springsteen e "Windowsill". Vão ainda recuperar um clássico do seu primeiro EP, No Cars Go, tornando-a ainda mais forte e épica.Tal como no disco anterior, o género épico está bem vincado nas músicas da banda. A tal palavra muito empregue para definir os canadianos, catarse, é palavra de ordem, no entanto, ao contrário de Funeral, aqui as almas não são lavadas, mas sim mais enegrecidas. Neon Bible é, sem dúvida alguma, um digno sucessor de Funeral. Não é mais do mesmo. São os Arcade Fire, novamente no seu melhor e a demonstrar que não são apenas hype de comunicação social. São uma banda a sério e vão voltar a demonstrá-lo dia 3 no festival Super Bock Super Rock.
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