19 maio 2010

Metallica - Pavilhão Atlântico - 18.05.2010

Os Metallica são uma instituição. Então em Portugal eles são quase uma religião. Ontem perante um Pavilhão Atlântico (transformado em “Catedral de Metal”) a transbordar pelas costuras, os” fieis“ metaleiros gritaram, cantaram, “mosharam” e veneraram todos os acordes, todos os riffs, todas as batidas, todos os solos e letras da maior banda de Heavy Metal do Mundo.
E não é caso para menos, desde a última vez que os vi ao vivo (há dois anos no Rock in Rio) a banda pareceu ganhar uma nova alma com este “Death Magnetic”. Uma espécie de regresso à forma dos velhos tempos e o primeiro bom disco desde o longínquo “Black Album” a reunir o consenso dos fãs mais ferrenhos.
E foi precisamente ao som de “That Was Just Your Life”( tema que abre este último disco) que os Metallica apareceram em palco. Eram 21 e 45 e o Pavilhão quase que ia abaixo. Não só com a reacção esfusiante do público, como pelo som carregado de decibéis (a mais) que arruinou o primeiro quarto de hora do concerto. È lamentável que as pessoas tenham que pagar para ver grandes bandas com um som tão sofrível como este.
Se a audição não era lá grande coisa (a voz de Hetfield parecia um eco gigantesco a deslizar pelo Atlântico, enquanto que as guitarradas eram abafadas pela bateria de Ulrich), visualmente o concerto era compensado por um palco 360º, muito usual nos concertos americanos dos Metallica, mas nunca visto em Portugal. Tudo para grande regozijo dos músicos (este formato dá-lhes maior amplitude de movimentos) que brindavam a plateia dos mais diversos ângulos.
Após mais uma demonstração “decibélica” com “The End of The Line”, Hetfield dirigiu-se pela primeira vez ao público Lisboeta anunciando um “clássico”: “Ride the Lightning”! Uma das melhores músicas da fase Trash (1983 – 1988) e que pôs os fãs mais “old School” ao mosh e com um sorriso na boca!
A viagem ao passado seguiu-se ao som de “Through the Never” do “Black Album”. Um tema que nos meus 6 concertos de Metallica, pouco me lembro de alguma vez o ter escutado ao vivo. Aliás, em abono da verdade o espectáculo de ontem deve ter sido o que mais me surpreendeu a nível do alinhamento, não só pelas músicas de “Death Magnetic” (as demolidoras “Broken, Beat and Scared” e “My Apocalypse”), como também pela escolha em tocarem “clássicos do baú” como “The Four Horsemen” ou “Phantom Lord” do primeiro LP: “Kill Em All”!
Apesar do ambiente de celebração e das condições sonoras terem melhorado à medida que o PA do grupo se instalava nos monitores, chegou a homenagem da noite. O ex-vocalista dos Black Sabbath, Ronnie James Dio, falecido no domingo passado não foi esquecido e o grupo dedicou-lhe “Fade to Black”. A frase “…But Now He´s Gone” fez tanto sentido naquele momento que chegou a arrepiar.
“Vocês querem Heavy”? Perguntava Hetfield antes de introduzir “Sad But True”, o primeiro de uma série imparável de clássicos e êxitos que levou o Atlântico à euforia. Lá vieram as as habituais explosões pirotécnicas do épico “One”; os coros magistrais de “Master of Puppets”; a fúria de “Battery”; a calmaria de “Nothing Else Matters” e o delírio comercial de “Enter Sandman”.
Para os encores, mais uma boa surpresa: a cover de “Stone Cold Crazy” dos Queen! A finalizar o habitual “Seek and Destroy”. Nesta altura voam balões, canta-se os parabéns ao filho de Hetfield, grita-se por Portugal e bebe-se muita cerveja. O recinto mais parece um baile de “Sto. António” do que o “Ritual” exibido duas horas antes. A banda agradece põe a bandeira de Portugal ao pescoço e Lars pergunta: “"should Metallica play in Portugal every year?” A resposta é um estrondoso sim, mas…não no Atlântico!

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