A par de Eric Clapton, Jimmy Page e Pete Townshend, Jeff Beck constitui uma das referências lendárias da guitarra “made in Britain” da sua geração (de 60). Com uma carreira que compreende quase 50 anos de actividade e onde se contam alguns grandes episódios do rock: primeiro com o Jeff Beck Group (entre 1968 e 1970 e que contava com os serviços de Rod Stewart e Ron Wood) , depois com o super-grupo Beck, Bogert & Appice (1972-1973) e mais tarde rumo a solo com algumas experiências bem sucedidas na área do jazz-rock (“Blow by Blow” e “Wired” de 1975 e 76 são essenciais à audição de qualquer aspirante a solista das cordas de aço).
Agora, com quase 66 anos de idade, e depois de uma montanha russa de registos pouco aprecidados ou até mesmo mediocres (nomeadamente na década de 80 e 90), Beck está de volta e atrevo-me a dizer com uma atitude jovem e revigorada. “Emotion & Commotion” é talvez o seu melhor disco desde “Guitar Shop” (editado em 1989).
Com a produção do mago de estúdio Trevor Horn, Beck guia-nos por “avenidas sónicas” que tanto vão beber à fonte do ” jazz-rock” (no qual ele é definitivamente um mestre) como entra de rompante pelos Blues , género que Jeff apadrinhou nos anos 60 quando tocou nos saudosos Yardbirds. Mas também há aqui espaço para umas” rocalhadas dos bons velhos tempos” (“There´s no Other Me” e “Hammerhead”) que confirmam o porquê de muitos lhe chamarem: o “guitarrista dos guitarristas”.
No geral temos aqui um disco maioritariamente instrumental, onde reina uma certa harmonia semi- “new age” saída dos solos da Fender Stratocaster Jeff Beck. Os melhores temas são sem dúvida as versões instrumentais dos standards: “Nessum Dorma” e “Over the Rainbow”.
Mas o disco não vive só das proezas do veterano guitarrista.A estrela de Joss Stone brilha mais alto no bluesy de “I Put a Spell on You” e Imelda May assina com “voz de ouro” o soturno ou melancólico “Lilac Wine”.
Um disco que se ouve muito bem do inicio ao fim, sem grandes preconceitos e que prima pelos arranjos cuidados da produção (até a orquestra soa bem). O que vem não só ajudar a revitalizar a carreira até então “meio-adormecidada” de Beck, como lhe permite lançá-lo de novo na corrida pelo titulo de melhor guitarrista Rock do mundo. A concorrência que se cuide…
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