05 março 2010

Concertos em Portugal

Aqui venho apresentar o meu manifesto sobre a situação em que se encontra a indústria de organização de concertos no nosso país. Acho que é um assunto onde claramente podemos inquirir: "Não há quem ponha mão nisto?"
Para começo de conversa, parece que estamos perante uma situação de oligopólio, no qual duas majors, Everything is New e Música no Coração, dominam o mercado a seu bel prazer, tirando alguns eventos mais apontados a nichos de mercado (Paredes Coura sendo o mais representativo) e tirando o supermercado aos fins de semana que se denomina de Rock in Rio. Aonde é que isto nos leva - a uma guerra entre as tais majors, que se mais não fazem do que preocupar-se única e exclusivamente em roubar público à outra, que tem como consequência a repetição até à exaustão de concertos por estas bandas. Evidence A - os concertos de xx e La Roux nos festivais e em nome próprio separados apenas por 2/3 meses. E o público que deseja concertos diferentes, novas bandas? "Que se lixem esses, eles não sabem o que querem, nós, a Nobreza da organização dos concertos em Portugal é que sabemos!" Pois bem, sinto poder falar em nome próprio e tenho a dizer o seguinte - Não brinquem comigo! O que eu quero é inovação, novidade e bandas de música a sério.
Senhores do Super Bock - The National já cá vieram 4 vezes nos últimos 3 anos. Cut Copy já cá vieram, John Butler Trio e Temper Trap idem. Palma's Gang? Nem vou comentar... 
Senhores do Optimus - Faith No More vieram cá o ano passado. Gossip agora é todos os anos? Gogol Bordello ainda há 2 anos. LCD Soundsystem e Pearl Jam maravilha, mas mesmo assim, cromos repetidos. Kasabian - repetidos.
Olhar para estes cartazes faz mesmo lembrar aquele sentimento de criança de abrir as carteirinhas dos cromos e serem todos repetidos, uma tristeza. Onde andam os Foals, os Fanfarlo, os Spoon, os Pavement reunidos, os Fleet Foxes, os Japandroids, os Girls, os Them Crooked Vultures, os Broken Social Scene (já cá vieram mas há muitos anos e em Coura, só podia), os Noah & The Whale, os Ra Ra Riot, os Black Kids, os Delta Spirit, o Bon Iver, o Beirut, os Akron Family, os Dinosaur Jr.?
Sou eu que estou mal, admito. Ao reler este post é a conclusão a que chego. No fundo não quero que estas bandas venham cá em festivais, que se lixem os festivais, quero concertos em nome próprio em locais amistosos como Aula Magna e Coliseu. Será que há espaço para uma produtora de concertos independente em Portugal, que me veja como um nicho de mercado e faça os concertos que eu quero, onde eu quero?

5 comentários:

Joao Nuno Rodrigues disse...

Voto a favor dos concertos no Coliseu. Não aprecio muito concertos em festivais.

Acho que 2009 foi um bom ano para Portugal a nível de concertos.

2010 não augura coisas boas...

O Super Bock é para esquecer. Depois de um ano em que acabou a cerveja, as casas de banho são uma vergonha, para comer e beber uma hora de espera e um cartaz cada vez pior. Não há muito mais a dizer.

Do Rock in Rio safa-se apenas a boa organização do festival. O resto é muito mau

Mas deixa lá vir os Faith No More e Gogol Bordello...

João Ruivo disse...

A minha modesta opinião é que há festivais ('grandes') a mais e então dum ano para o outro as bandas vão rodando os palcos.

Compreendo a presença de Pearl Jam, LCD ou os Kasabian, afinal trazem trabalhos novos. Já os casos de The National, Nouvelle Vague, Emir Kusturica (que praticamente têm cá casa) ou, a outro nível, os Metallica são gritantes. Se vierem em nome próprio não chateia porque só vai quem quer agora em festivais estão a roubar o lugar a 'bandas novas'.

Os festivais deviam ser, isso sim, uma 'montra de talentos' para de certa forma averiguar quais as bandas que poderão valer a pena ir ver em nome próprio. Só que as promotoras têm medo de correr riscos e apostam sempre nos mesmos cavalos. É 'dinheiro fácil'.

E já agora, os Spoon e os Dinosaur Jr. vieram a Paredes em 2007 e os Ra Ra Riot em 2008, se bem que os novos trabalhos dos dois primeiros já justificavam um regresso.

Alex disse...

João Ruivo: That's my point - há claramente festivais a mais em Portugal para a audiência que somos. Presumo que ainda estamos a viver a loucura da novidade, tantos festivais, tanta coisa, que nos deixamos enrolar na onda e vamos gastando mais do que devemos nisto. Mas um dia uma pessoa abre os olhos e começa a pensar e vê que tal já não faz muito sentido estar a dar a estes senhores o que chamas e bem "dinheiro fácil".

Anónimo disse...

O caro escriba sonhador passa a ideia de que somos uns atrasados (às tantas até somos, mas não neste caso especifico). Ocorre-lhe que as Digressões nem sempre têm datas previstas para determinados territórios? Ocorre-lhe que os próprios Artistas por vezes não querem tocar em determinados países porque a) não têm ofertas financeiras que lhes agradem b) não têm vendas significativas que os façam pensar que deveriam visitar aquele país c) não têm um routing que lhes permita chegar a Portugal
Por outro lado, se olhar pra o que escreveu, poderá constatar que Portugal está na rota dos grandes Artistas e dos novos nomes que começam a impor-se. E até dos pequenos que também são interessantes.
Tenha tino e agradeça à EIN e à MC - sem eles muito provavelmente ainda tinhamos que ir em romaria para os estádios ver os Bon Jovi e os Simple Minds.
Ou então, rumar a Espanha para poder ver o que efectivamente interessava.
Quanto ao dinheiro, só compra bilhete quem quer...

Alex disse...

Caro anónimo,

De facto sou sonhador em muitas coisas, e sinto pena de quem não o seja. Mas nesta questão estou a ser totalmente realista. Senão vejamos:
- É um facto de conhecimento público que MC e EIN têm uma relação conflituosa e gostam de roubar concertos e público um ao outro. Que sentido faz trazer aos festivias bandas como la roux e xx que têm concertos em nome próprio 2/3 meses antes?
- Pelo que leio das suas palavras, o trabalho dessas empresas passa por ter uns gajos sentados à secretária, à espera que o telefone toque com uma banda interessada em vir a Portugal. Pois bem, aqui o sonhador acha que o que elas têm a fazer é vender Portugal, convencer as bandas que Portugal tem público e interesse em recebê-las.
- Não esqueço o tratamento que têm essas novas bandas. Ter metido Vampire weekend às 17h há dois anos, ter CSS no palco secundário que levou ao cancelamento por parte dos mesmos.

Esses senhores EIN e MC têm neste momento o mercado totalmente açambarcado e fazem o que lhes interessa - ganhar dinheiro fácil. Mas tem razão num ponto só se deixa enganar quem quer...