05 fevereiro 2010

Chafurdando nos primórdios da música tradicional americana #7: Mississippi John Hurt

Mississippi John Hurt nasceu em 1892 em Teoc, Mississippi, mas cedo a família se mudou para Avalon. Se forem ao link repararão que esta localidade já nem existe. John Hurt aprendeu a tocar guitarra aos nove anos e numa terra onde não há quase ninguém poucas hipóteses existem senão aprender-se consigo próprio, daí ter desenvolvido um estilo muito próprio. Enquanto trabalhava no campo ou nos caminhos de ferros ou onde fosse, Hurt ia tocando nos bailes da aldeia. De vez em quando substituía um músico na banda de um tipo chamado Willie Namour que uma vez teve a oportunidade de gravar para a Okeh Records, onde havia um produtor de nome Tommy Stockwell que levou Hurt a Memphis e mais tarde Nova Iorque para gravar algumas das suas músicas. Acrescentaram-lhe o “Mississippi” ao nome em jeito de marketing. Estávamos em 1928.

Surge a Grande Depressão, a Okeh Records vai à falência, John Hurt volta para Avalon e para o trabalho de campo e por aí fica durante os próximos 35 anos. O sonho fora curto.

Salto para os anos 60. Por esta altura todos os musicólogos de blues e folk andam loucos a tentar localizar os músicos do sul dos Estados Unidos. Alguns deles tentam localizar esta personagem misteriosa que apenas gravou treze músicas mas que ninguém conhece, ninguém sabe de onde vive, com quem tocou, não há uma fotografia, nada. Terão pensado que John Hurt já tinha morrido. Até que em 1963 o musicólogo Tom Hoskins “descodifica” a letra de uma música que contém o verso “Avalon, my home town”. Abre o mapa do estado do Mississippi e nada, será que a terra existia? Apenas a encontrou num atlas antigo. Pegou no seu carro e arriscou a viagem. Por fim lá encontrou o homem, já com 71 anos mas com as cordas ainda afinadas. Trouxe-o para Washington e em 1964 ao chegar ao Newport Folk Festival, Hurt deparou-se com uma plateia cheia de betinhos brancos de Nova Iorque que gritavam pelo seu nome, o pobre homem deve ter olhado para o lado e perguntado “É mesmo por mim que chamam?”, suspeitava lá ele que alguém fora de Avalon o conhecia...

O resto é história mas uma história curta. John Hurt viveu uma breve fama dando vários concertos um pouco por todo o lado, gravando álbuns e até apareceu no programa Tonight Show, mas logo em 1966 viria a morrer de ataque cardíaco. Afinal já não era um jovem.

Neste vídeo perceberão o quão um artista pode ser uma pessoa... simples.



2 comentários:

Anónimo disse...

deves pensar q es o scorsese a chafurdar na hist do blues

ico costa disse...

?