19 janeiro 2010

Sigur Rós - Ágaetis byrjun (1999)

Ao contrário do que muitos pensam, "Ágaetis Byrjun" não é o primeiro álbum dos Sigur Rós. Na realidade, esta banda islandesa formou-se 5 anos antes do lançamento deste álbum, período no qual lançou "Von" e uma colecção de remixes baseada no mesmo, "Von brigði". Mas foi com "Ágaetis Byrjun" que conseguiram atingir, definitivamente, outro nível. Este álbum é de uma beleza sufocante, arrebata-nos constantemente, umas vezes pelos crescendos intensos, outras pela introspecção das suas baladas. Diria que são muito poucos os álbuns que mexem com as nossas emoções como este, sendo que aqui tudo é conseguido sem percebermos uma única palavra do que é dito. Isto porque 2 das músicas são cantandas em Vonlenska ("língua" criada por Jónsi Birgisson, consistindo apenas de sons e fonemas, e que é utilizada pela banda em várias músicas e mesmo em álbuns inteiros) e as restantes em islândes e sinceramente, nem é preciso saber o que é cantado. É desnecessário pela universalidade das emoções que as músicas geram e que nelas estão incutidas. As emoções sentem-se mesmo assim, com esta harmonia perfeita dos vários instrumentos (órgão, violinos, piano, flauta, oboé, baixo, xilofone, entre outros) e voz. O sentimento dominante que me fica de ouvir este álbum é o de ser transportado para um local longíquo, noutro tempo, distante. E agora ainda mais, depois de não ter resistido a ir descobrir esse local, a terra onde esta música é feita, e sentir tudo ainda com mais intensidade porque tudo faz sentido, tudo se conjuga. Andar pelas estradas islandesas, por pequenas aldeias e vilas com nomes impronunciáveis com a música de Sigur Rós no fundo foi uma experiência única e inesquecível, que potenciou fortemente o impacto que esta música tem em mim. E que acho difícil não ter em qualquer pessoa.
O álbum deve ser vivenciado como um todo, pouco importa as músicas, porque a passagem de uma para outra é tão suave que nem se sente, mas na minha opinião o ponto alto chega-nos já perto do fim, na música com o mesmo nome do álbum e que cria uma áurea ao nosso redor e parece que tudo desaparece para ficarmos só nós e a música. E a meu ver esse é o sentimento perfeito, o objectivo final que qualquer músico devia ter.


Duração Álbum 71:51, Editora: Fat Cat/Smekkleysa, Produtor: Ken Thomas

2 comentários:

Cisto disse...

Justa menção. Essa experiencia que tiveste parece-me fabulosa. De resto, a música adquire outras características (as reais?) quando se viaja.
Este album é belíssimo, mas o que me fascina em sigur Rós é a vertente punk-rock (sim, punk-rock) e menos a pop. Daí considerar que o Von e o () são os albuns que definem para mim o que estes islandeses têm para oferecer. O concerto no Coliseu dos Recreios foi das coisas mais sublimes a que já presenciei.

Alex disse...

Também lá estive no Coliseu e foi mesmo arrepiante! E estive agora recentemente no Campo Pequeno e apesar de não ter atingido o mesmo nível do Coliseu foi muito muito bom.
Acho bem uma banda experimentar, criar desafios a si própria, e acho que é isso que os Sigur Rós têm feito (e bem) - o último álbum é claramente mais pop, sofrendo influências de uns Animal Collective, por exemplo, mas que é muito bom, mostrando a segurança que a banda tem em si mesma.