03 fevereiro 2009

Repto da Semana - pop music

Sei que alguns de vós não vão muito à bola com o meu cepticismo, mas eu coloco-me apenas na humilde posição do questionamento. Detesto dogmas, repudio verdades absolutas e assumo sempre que não sei o suficiente. Mas reflicto o suficiente para ir formando as minhas opiniões (que não passam disso mesmo, opiniões, mesmo que sustentadas em encadeamentos de informação).

Este repto é em parte inspirado por outros posts, que, do meu ponto de vista, fazem a música pop transcender-se para um nível que me parece, por vezes, exagerado.

Mas o que é música pop? Se formos à Wikipédia, parece simples: música com menos de 5 minutos, com geralmente dois guitarristas, um baixista, um baterista, teclista e um ou vários vocalistas, apresentando o mais das vezes um elemento rítmico relevante e uma estrutura tradicional (referem-se eles aqui ao compasso 4/4), constituídos por verso-refrão, em que este último contrasta ritmicamente e melodicamente com o primeiro.

É esta a fórmula que cativa as pessoas na época em que nos encontramos, seja ela aplicada pela Britney Spears ou pelos Kaiser Chiefs e, desta perspectiva, parece não haver grande distinção entre o que se ouve na RADAR ou na RADIO RENASCENÇA. Mas também sabemos, por exemplo, que o nosso genoma é extraordinariamente parecido ao dos ornitorrincos e que no entanto escrevemos em blogs e inventámos a caligrafia.

Ou seja, no fundo, o que vos pergunto é: colocam a música que é mais referida neste blog - aquela que, presumo, mais frequentemente ouvem, em casa, no carro ou em concertos - como sendo um subgrupo da música Pop ou nem por isso?

8 comentários:

Vasco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cisto disse...

Lamento imenso a minha opacidade de espírito, mas... que tem esse comentário a ver com o meu texto?!

Du disse...

Bom repto. Lá está de novo a questão das etiquetas e rótulos, que vem facilitar a vida e tornar as pessoas mais amorfas, por tão fácil ser arrumar cada artista ou banda numa gaveta.
Musica Pop, de popular, portanto, tudo o que é para o povo, para a(s) massa(s).
Tal como indie, neste rótulo cabe praticamente tudo, tirando o Erudito. Visto assim, britney spears e kaiser chiefs vivem lado a lado sem problemas. O conteúdo não tem nada a ver, em termos estéticos e de qualidade, mas de facto, ambos estão sob o grande tecto da Musica Pop. Aí, creio que há que separar o trigo do joio. E aí sim, surgem outras novas etiquetas e rótulos.
Mas no fundo, e respondendo ao repto, acho que a maior parte da música de que aqui se fala está dentro desse subgrupo música Pop...que é tão vago como chamar humano a uma pessoa. Dentro de humano, há-os aos milhões, depois há os amarelos, brancos, gordos, baixos, etc.
E o conceito música pop tem uma conotação meio pejorativa, mas há que sublinhar que nem tudo o que é pop(ular) é mau, antes pelo contrário.

Cisto disse...

Não vejo por que razão a pop tem conotação negativa, mas obviamente tem (basta ver o comentário do vasco). O que queria desmistificar era isso mesmo. Que se percebesse que os Sonic Youth são o lado mais pop dos artistas Thurston Moore e Lee Ranaldo, o que não faz desta banda má, muito pelo contrário, tal como os Radiohead, músicos pop extraordinários.

Pedro Candeias disse...

Concordo com o Raul: ser "pop" não é necessariamente "mau" nem "popularucho". Música "pop", para mim, é toda a música que tem oportunidade de chegar às massas através da exposição proporcionada por rádio e/ou televisão - por outras palavras, "pop" são as bandas que têm (mais ou menos) sucesso junto do público. Como disse o Raul, os Radiohead lideraram tabelas e, portanto, são "pop". É verdade que as suas canções seguem um formato - desculpem a repetição - "pop" (propositadamente curtas para terem "airplay") mas não deixam de ser superiores às da Britney.

"Pop" é tudo: bom e mau.

André Cruz Martins disse...

Sem dúvida que há alguma música indie que pode ser considerada sub-grupo do pop. Aliás, pop vem de popular e sabemos bem como algumas bandas indies se tornaram populares. O que não é necessariamente mau... Se são boas, ainda bem que cada vez mais pessoas as ouvem, embora no fundo possamos não gostar por sentimentos de pertença, do género "então fomos uns dos poucos que descobrimos esta banda e agora todos gostam dela??"

Vasco disse...

Raul, peço desculpa pelo meu comentário, foi feito em cima do joelho a tarde e más horas.
Em relação à cultura pop, sempre me fascinou. Tens o exemplo de Andy Warhol, o maior ícone pop de sempre, que revolucionou a arte. Lembro os velvet underground como uma das maiores referências de bandas como os sonic youth ou nirvana.
Que venha a bela da pop em latas campbell...

Alex disse...

Ainda não me tinha pronunciado por falta de tempo, mas acho que ainda consigo adicionar algo. Há para mim um ponto que é muito importante no meio desta questão da música pop, que tem a ver com o objectivo de uma "banda". Eu distinguiria a música pop do resto pelo seu objectivo no mundo da música. Vou buscar um exemplo claro para ilustrar o que quero dizer - as Spice Girls. Nada mais pop. Porquê? Porque tudo foi fabricado com um único objectivo - vender para as massas. Toda a sua concepção passa por dar às massas o que um produtor de música pensa que as massas querem (e acertou em cheio), colocando umas miúdas na ribalta, sendo a qualidade da música o secundário. No meu ponto de vista aqui é que reside a grande diferença entre o mundo pop (voltado para a venda massificada, preocupado com os tops de vendas) e a música underground, em que uma banda adora a música, trabalha na sua música com dedicação e o faz com elevada qualidade, pouco preocupada se o público gosta ou não. Os Sonic Youth (para usar os exemplos que têm estado em cima da mesa) são o extremo máximo desta outra face, mas há muitas outras bandas com este espírito.
Tudo isto se passa no mundo dos filmes (produções holywwodianas vs cinema de autor) e livros (novelas romanescas a metro vs escritores a sério), e noutras artes também. E diria que é muito triste que o público (na sua maioria) aceite de olhos fechados o que se lhes pões à frente e consuma disso forte e feio, sem questionar ou procurar algo mais...