Corria o ano de 1987 quando este Darklands atingiu os escaparates (sempre gostei desta palavra - escaparates, e não tenho tantas oportunidades de a utilizar no dia-a-dia). Eu era um imberbe miúdo de 8, quase 9 anos (nessa altura o que gostávamos mesmo era de ter quase 9 anos, a milhas de distância de ter 8), a fazer traquinices no externato das freiras, pelo que não dei pelo acontecimento na altura. Nem nos anos subsequentes. Para ser mesmo verdadeiro, assim tipo honestidade acima de tudo, durante a minha adolescência, o movimento shoegaze sempre me pareceu uma coisa absurda, afinal de contas tínhamos 15 anos e quem, no seu perfeito juízo, com 15 anos, perderia o seu tempo a carpir mágoas, deprimido, a ouvir música com letras como “Life means nothing. All things end in nothing" ("Darklands")? Bem, a verdade é que o Kurt com os seu "I hate myself and I want to die" não andava muito longe, mas epá, ao menos a música era a abrir que era o que a malta queria na altura. Isto claro, antes de aparecerem as paixões platónicas, normais também nesta fase da vida, impossíveis de realizar e que requeriam por alguns períodos de introspecção. Mas também não foi aí que os Jesus entraram na minha história. Ainda foi preciso esperar mais uns anos, mais uns 10 anos para ser mais preciso, até a sra. Coppola se lembrar de acabar um dos seus filmes com uma música deles. Aí é que a coisa finalmente pegou, e este Darklands particularmente, de uma forma mais incisiva (neste momento já estou de orelhas vermelhas a ouvir malta a ler isto a dizer que sou uma vergonha por ter demorado tanto tempo, mas que hei-de fazer, cada um tem a sua história e comprometi-me ali acima à honestidade acima de tudo).
Darklands é de facto um álbum devastador no estilo romanticismo gótico, amor platónico impossível de atingir, com as suas letras impregnadas de sofrimento. “I would shed my skin for you, would break my back for you” ("Happy When it Rains"), “Nine million rainy days have swept across my eyes thinking of you, and this room becomes a shrine thinking of you, and as far as I can tell, I’m being dragged from here to hell.” ("Nine Million Rainy Days") são pequenos exemplos. E a música não lhe fica atrás, ajudando a criar este ambiente, esta redoma de vidro, da qual não se sai facilmente. Mesmo não sofrendo destas dores de amor, penso que tornam possível colocarmo-nos no lugar de quem as canta/toca, o que a meu ver é um mérito. Penso que isto é mesmo o as good as it gets do shoegaze.
Darklands é de facto um álbum devastador no estilo romanticismo gótico, amor platónico impossível de atingir, com as suas letras impregnadas de sofrimento. “I would shed my skin for you, would break my back for you” ("Happy When it Rains"), “Nine million rainy days have swept across my eyes thinking of you, and this room becomes a shrine thinking of you, and as far as I can tell, I’m being dragged from here to hell.” ("Nine Million Rainy Days") são pequenos exemplos. E a música não lhe fica atrás, ajudando a criar este ambiente, esta redoma de vidro, da qual não se sai facilmente. Mesmo não sofrendo destas dores de amor, penso que tornam possível colocarmo-nos no lugar de quem as canta/toca, o que a meu ver é um mérito. Penso que isto é mesmo o as good as it gets do shoegaze.
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