Não foi à primeira, nem à segunda, nem à terceira. Só à quinta é que os Queen assumiram controlo total das operações de uma banda maior do que eles. E do que nós. E do que a própria vida. E que acabou com a morte do mais genial dos front man (já o disse antes) da história da música. Com A Day At the Races, o quinto álbum deles, o grupo perseguia o sucesso tremendo de A Night At the Opera e da "Bohemian Rapsody". E com este, mostraram que podiam comandar o seu próprio destino e que aquilo de ter um produtor só porque sim era coisa dispensável para eles. Que eram todos super talentosos – gostos à parte, ninguém põe em causa a capacidade deles para escrever e tocar e, fundamentalmente, dar espectáculo. Na era dos concertos em estádios, não havia pai para eles. Nem depois houve filhos. Legítimos. Bastardos claro que os houve, mas a colagem soou sempre a falso. (Bom, agora pus os headphones com o dito em rodagem, alto e bom som e vamos lá a escrever sobre ele).
E o dito começa com a “Tie Your Mother Down”, escrita por Brian May em Tenerife em 1975 (obrigado Wikipédia). E do que fala a “Tie Your Mother Down”? De sexo, pois. De sexo espalhafatoso, com grinaldas, lantejoulas, de uma miúda com medo do pai e da mãe e de um tipo que não tem medo de ninguém. “I’m a bad guy, your mommy and your daddy gonna plague till I die”. E é hard-rock, de Led Zeppelin, numa voz cuja versatilidade não tinha limites. Depois, porque eles não encaixavam em nenhum estilo, dançaram por uma valsa (“The Millionaire Waltz”), cantaram uma música com chave pop (“You and I”, de John Deacon) até chegarem ao clímax do álbum: “Somebody to Love”. Aqui, os Beatles cruzam-se com Elvis e com os Beach Boys, enfim, com tudo. Mas esse tudo são vários homens e personagens condensados num só corpo e numa só voz: Freddie Mercury. Uma música intemporal que sobreviveu a tudo. Inclusivamente a um senhor com manias estranhas (como a de visitar casas de banho públicas com amiguinhos) que pensa poder cantá-la como Mercury – valeu pelo esforço George. No A Day At the Races, há espaço também para a consciência política (“White Man”) que nunca tinha sido a praça dos Queen. Honestamente, a canção irrita-me. Mas a seguinte (“Good Old Fashioned Lover Boy”) diverte-me. E a “Drowser” mostra que nem sempre os bateristas são os tipos menos dotados de uma banda. Para o fim, uma espécie de épico dedicado a japoneses com a “Teo Torriatte”, com um coro enorme. E tudo fica bem quando acaba bem.
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