07 janeiro 2010

George Harrison - Living In The Material World (1973)

O que se diz quando um Beatle lança um disco? À partida está tudo ganho. É um Beatle, caramba... No entanto ainda estamos em 1973. Três anos após a despedida final da banda de Liverpool. Três após o seu primeiro disco a solo e dois após o concerto de Bangladesh. A vida para Harrison estava naquele momento certo. Agora ou nunca. Para Harrison foi nunca. A partir daqui ninguém mais quis saber do Quiet Beatle nem das suas músicas intimistas ou pessoais. Muitos sentiram-se ainda mais defraudados em Living in the Material World do que em All Things Must Pass. Será que Harrison deixara de querer ser um Beatle? Seria McCartney o único com juízo na cabeça? Não. Apesar de metade do mundo ainda estar a carpir mágoas com o fim dos Beatles, Lennon e Harrison estavam a fazer aquilo que gostavam. Living in the Material World é exemplo disso mesmo. Continuando na senda do primeiro disco, Harrison canta apenas aquilo que lhe vai na alma e, desta vez, quase tudo por si só, tirando a eterna ajuda de Ringo na bateria. "Give Me Love (Give Me Peace on Earth)" é puro Harrison nas letras e na melodia, até porque aquela slide guitar haveria de perdurar até ao fim dos seus dias. "Sue Me Sue You Blues", crítica às querelas financeiras entre Beatles, demonstra o humor e ironia que celebrizaram George, homenageado pelos próprios Monty Phyton. "The Light That Had Lighted the World", "Don't Let Me Wait Me Too Long","Who Can See It" e "The Lord Loves The One (That Loves The Lord)" demonstram o mais pacato dos Beatles completamente desligado das futilidades terrestres, sempre com algo a dizer sobre o mundo que realmente interessa. Algo que nada tinha a ver com o fase Disco ou Glam que começaria a surgir nesta década. "Be Here Now" é dos melhores exemplos da espiritualidade de Harrison, enquanto "Try Some Buy Some" fala-nos do problema emergente da altura, e, quiçá, hoje em dia, do abuso de cocaína. Enquanto o mundo inteiro na altura estava em êxtase e começava a entrar nas loucuras dos anos 70. Harrison começava a refugiar-se no seu pequeno mundo. A preferir o anonimato e a pacatez.
Enquanto a loucura da década acabaria por passar, "Living in the Material World" acabaria por se tornar num dos seus melhores discos com o passar dos anos...

Sem comentários: