09 janeiro 2010

Arthur Russell e Phil Niblock

Phil Niblock é relativamente desconhecido quando comparado com Steve Reich ou Philip Glass, mas a sua contribuição para música minimalista foi tremenda. Intrinsecamente um cineasta, Niblock documentou nos anos 70 pessoas de países em vias de desenvolvimento a trabalhar - na agricultura ou pesca (o valor antropológico das filmagens dos pescadores de Peniche é incomensurável, que pena que seja ignorado/desconhecido pelos portugueses) - com sequências longas e simples revelando pouquíssimo trabalho de montagem.
A sua abordagem à música não é distinta, embora seja composta de forma muito mais complexa. O resultado são peças que evoluem suavemente, quase a nível microscópico que, tal como os seus filmes, renunciam à narração. Para os apreciarmos, precisamos de imergir neles e detectar, como que intuitivamente, os padrões de mudança que constroem a sua densidade.

Em 1985 Phil Niblock filmou de maneira sublime, no seu espaço em Nova Iorque Experimental Intermedia (por onde já passaram artistas portugueses como André Gonçalves, Rafael Toral ou Francisco Janes ou outros como Thurston Moore, Jim O'Rourke e Janek Schaeffer), o hoje em dia consagrado Arthur Russell, numa das raras vezes em que o músico foi documentado na película. Vale a pena ver em tela, como um dia o vi no espaço do Bairro Alto da Bomba Suicida.




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