21 outubro 2009
Existe uma coisa que edita música chamada Clean Feed e por alguma razão é mais famosa no estrangeiro que o André Sardet
Clean Feed, portanto. Quis fazer um copy/paste de um about us do site ou do myspace ou do blog mas isso ocupa muita tinta e se esta coisa fosse um jornal teria que me controlar nos caracteres então digo, se quiseram vão vocês lá ver, dizia eu, não conheço assim tão bem esta empresa que de empresa tem pouco e é mais uma coisa de paixão presumo mas a verdade é que talvez conheça o suficiente para a recomendar ou publicitar.
Foi fundada em 2001, uns tipos quaisquer, até sei o nome de alguns, conheço-lhes as caras mas que interessa isso? Pedro Costa vá, é quem se destaca mais daquela gente. Dirigem também a loja Trem Azul que fica na Rua do Alecrim em Lisboa e que existe desde 2004. Organizam um já bastante conhecido e conceituado festival de jazz em Nova Iorque chamado Clean Feed Fest há já quatro anos e que este ano terá repercussões em Espanha, Holanda e Eslovénia. Todos os blogs ou reportagens portugueses quando se referem à editora dizem o seguinte: que em 2007 o mais famoso site sobre jazz All About Jazz elegeu a Clean Feed como uma das cinco melhores editoras de jazz em todo o mundo. Quer isto dizer alguma coisa, perguntam-me vós? Sim, mas não vos darei a resposta nacionalista de que todos estão à espera que seria, Quer dizer que Portugal é grande!, não, calem-se, deixem isso para o Cristiano, quer sim dizer que com pouco se pode chegar longe sem que para isso se tenha que oferecer aos consumidores aquilo que seria cliché ou esperado ou comum oferecer mas dando o melhor que se pode para que o progresso continue e há que continuar. A Clean Feed apostou e ganhou. Os seus sócios-fundadores não estarão ricos mas estarão profissionalmente satisfeitos e com perspectivas para verem o sucesso aumentar, digo eu sei lá, se calhar amanhã abrem falência. Acharam que poderiam convidar músicos internacionais a gravarem um disco em Portugal sem o advento de grandes custos para ambas as partes, esses músicos foram respondendo, Olha porque não? e foram vindo e continuam a vir, aproveitam as vinda e dão um concertozinho aqui e ali, os assíduos do ciclo Isto é Jazz? da Culturgest que o digam. Os concertos custam 5 euros e esgotam – pudera – e se muita gente sai de lá com os tímpanos a convulsarem porque não viram ou não deram importância ao ponto de interrogação do título do ciclo tomando-o como uma afirmação, outros – como eu mas vá, eu sou maluco – saem de lá em puro êxtase, dependendo de quem lá toca e naturalmente uns tocam-me mais que outros.
Mas a verdade é que normalmente os concertos organizados pelo Pedro Costa e companhia agradam-me. Eu tão-pouco sei se aquelas experiência – chamemos-lhes experiências – se podem enquadrar no termo jazz – meu deus não lhe chamemos género jazz, pois o jazz é algo tão abrangente... géneros serão o bop, o free jazz, o swing, etc, eu sei lá –, seria retrógrado limitar isto ou isto ou isto ou isto a jazz e inclusive haverá muitas pessoas que ficarão ofendidas por verem recém-blogueiros como eu a enquadrá-las sequer mas...
Nada disto interessa, que queria eu dizer?, ah já sei, queria dizer-vos que apesar de eu gostar de espalhar cultura pelas gentes não quero que vão já amanhã comprar bilhetes para este nem este concerto -- eu sei que não vão – porque a sala é pequena e esgota rápido e eu ainda não comprei o meu. Não conheço nem o duo nem o trio mas as referências apresentadas no texto aguçam-me o apetite. A verdade é que mesmo que os concertos sejam maus, qual é, cinco euros. Ao menos sei que aqueles são músicos que tentam inovar porque se a Clean Feed se caracteriza por alguma coisa que seja é por tentar – sempre – inovar. Procurar caminhos novos na cena jazzística contemporânea, inventar novos termos classificativos do estilo de som, o termo free vai deixando de chegar ou servir.
Nada de mais a declarar, não sou crítico de música não sei o que é uma escala pentatónica mas a publicidade está feita: há uma editora portuguesa entre as melhores editoras de jazz internacionais, há um grupo de tipos que gostam de música e gostam de produzir música para o bem comum e não apenas para o bem pessoal (o bem das moedinhas a cair e a fazerem tlim). Não produzem apenas free jazz, atenção não se assustem, mas também não esperem a maior parte daquela palhaçada de jazz estandardizado que vai aparecendo no hotclube e que é a mesma que aparecia há cinquenta anos atrás. Produzem sim diversas vertentes de todo o bom jazz contemporâneo que por aí há – e a verdade é que há bastante mais do que muita gente imagina. No entanto e para eu próprio enfiar a carapuça, o hotclube vai receber hoje a visita do saxofonista alto Jon Irabagon acompanhados pelo clean-feeder e contrabaixista Hernâni Faustino e o menino-baterista-prodígio da cena jazz contemporânea do momento em Portugal – digo eu - que é o Gabriel Ferrandini. Claro que poderia ter ido ver ontem o concerto com o Alexandre Frazão na bateria mas... qual é a piada?, esse já tem muitos fãs. A verdade é que prefiro ver o Ferrandini. Foi por estas e por outras que decidi deixar aqui um vídeo em que ele e o Faustino tocam com o japonês residente em Portugal – quiçá viva na cave da Trem Azul – Nobuyasu Furuya, uma interessante coligação que aliás deixou marcas num álbum adivinhem editado por quem? Adivinhem, vá!
Ps. Eu bem sei que este é um blog sobre rock, peço desculpa pela intromissão ao falar aqui de jazz contemporâneo e ainda por mais divinizando (mentira) tipos que praticam um estilo de som que para a maior parte das pessoas é apenas barulho. Mas prometo que não tenho paciência para muitos mais posts, esta coisa dos blogues cansa. No entanto se houver por aí alguma alma simpática que goste de jazz aqui vai o link para um site que descobri não há muito e que tem uma agenda bastante completa do que se vai passando por aí em termos de espectáculos em Portugal, ah e o Seixal Jazz anda aí.
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2 comentários:
mais um optimo post!!
mega s0m. adorei a referencia ao CR.
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