05 maio 2009

B Fachada já foi à Zé Dos Bois, diz ele.



De razia por Lisboa aproveitei para ir beber um copo ao Maxime e desfrutar da companhia aqui do Mustarda. B Fachada era um pretexto como outro qualquer, mas lá me tentei informar acerca do fulano indo-lhe ao MySpace em jeito profilático.
Rapidamente me apercebi de que se tratava de um rapaz armado ao discreto-cómico, ao humilde-vaidoso, ao antigo-moderno, ao marginal-trendy, ou, numa palavra, armado ao indie.
Utiliza uma fórmula muito simples que é o fingir que não se leva a sério, mas sem entrar na pura palhaçada, ao mesmo tempo que nos tenta convencer que no fundo é um poeta, urbano mas sensível, frágil, naif.
Foi isso mesmo que tentou dizer ao público, que o ignorou nas primeiras duas canções, quando afirmou estar de mau humor (a ironia utilizada no momento remeteu-me para os discursos de certos dirigentes de futebol), pedinchando silêncio por amor da santa. O público enterneceu-se, ao vê-lo sarnento e lacrimejante, e chegou até a aplaudir o artista injustiçado.
Eu por esta altura também estava transtornado por saber que o preço de uma imperial (tamanho xxs, seria considerado um insulto no Reino Unido) era o que era, e de olhos avermelhados do fumo avassalador da sala (outra surpresa), perguntei-me por que diabo estavam as pessoas a pagar 5 euros à porta. Minutos depois o Mustarda apalpou-me o rabo, como é seu desagradável costume, o que no entanto me enxaguou a bílis e voltei para o paleio.
Estava então o Bernardo (ou o b, se estivermos numa de laconice) a avacalhar (parecia-me) com a guitarra e a tentar aborrecer o público com guinos de voz. Este, no entanto, pelo menos na primeira linha, parecia estar atento. Ou então era a cara que as pessoas fazem quando têm as jeans apertadas até à bacia.
Reparem, eu não tenho nada contra os produtos Underground passarem a Mainstream. Mas quando adquirem os seus vícios, isto é, quando o enaltecimento da obra não está relacionado com a qualidade mas sim com a máquina que por detrás a empurra, dá-me uma certa sensação de desperdício de tempo.
Este fenómeno evangélico é, até ver, uma fantochada de primeira, prometo-vos, e a prova virá quando daqui a um par de anos ninguém se lembrar deste Bernardo de Cascais.

1 comentário:

vask disse...

este fred só arranja estupadas...