11 fevereiro 2005

Smoke on the Water: The Deep Purple Story - Part III

Primavera de 1976. Os fundadores da banda Jon Lord e Ian Paice ao fim de 8 anos de árduo trabalho, 40 milhões de discos vendidos e quatro mudanças de formação anunciavam o fim dos Purple. Razões musicais invocavam os dois veteranos...
Porém David Coverdale, alguns meses mais tarde após a morte de Tommy Bolin (em Dezembro de 1976) por overdose de heroína explicava o porque do afastamento ao jornal New Musical Express: "Quando pertences a uma banda com o dinheiro e a fama dos Purple, perdes um bocado o sentido da realidade...achas que tudo te é permitido...incluído as grupies, as drogas, as tournées mundiais, o dinheiro...aquilo era 24 horas, 7 dias por semana! Parecia irreal...mas a a parte má é quando acordas um dia e vês a foto de um amigo como o Tommy Bolin, morto num hotel por overdose de heroína! Foi por isso que eu me afastei...Tommy mesmo depois da separação não soube parar com esse estilo de vida! Era um viciado...se calhar eu teria acabado da mesma maneira se tivéssemos continuado mais 6 meses..."
Em 1977, em pleno período Punk, surgem no mercado os primeiros projectos a solo: Lord e Paice juntam-se ao vocalista Tony Ashton no grupo PAL; Glenn Hughes publica o funky "Play Me Out" e David Coverdale forma os lendários Whitesnake. Estes últimos, de todas as bandas nascidas pela morte dos Purple, foram sem dúvida o projecto com mais sucesso.
Foi preciso esperar mais uns anitos para que o interesse no Hard Rock voltasse a crescer e com ele a chama dos Deep Purple. Em 1980 um empresário sem escrúpulos juntou Coverdale e Blackmore na mesma sala e ofereceu-lhes 5 milhões de dólares se voltassem a tocar juntos sob o nome de Deep Purple acompanhados por músicos desconhecidos (e baratos). Na altura, tantos os Whitesnake como os Rainbow vendiam milhões de discos e enchiam qualquer sala. Tanto um, como outro acharam um insulto a proposta do dito empresário.
Contudo, o maldito empresário não desistiu facilmente. Foi bater á porta do primeiro vocalista da banda Rod Evans, na altura estudante de medicina na Universiade da Califórnia e convencendo-o de que ele com mais uns músicos baratos podiam voltar a tocar sob o nome Deep Purple.
Uma digressão pelo continente Norte-americano foi rapidamente marcada. A notícia caiu que nem uma bomba entre os media - "Os Purple estavam de volta" - milhares de bilhetes esgotavam em minutos. O pano ainda estava por cair...
O primeiro concerto estava marcado para Abril de 1980 no prestigiado Los Angeles Forum. Às 9 em ponto apagam-se as luzes, e a "pseudo-banda" entrava em palco ao som de "Highway Star"...parecia um sonho. Mas em minutos a fantasia de ver os Purple juntos deu lugar ao pesadelo. Os músicos estavam mal ensaiados, o som não prestava e já ninguém se lembrava de Rod Evans. Não tardarem em chover os assobios, os pedidos de devolução dos bilhetes e os tomates...
Em Inglaterra, os restantes membros da banda ao saberem dos esquema fraudulento da banda de Evans e do seu malvado empresário deram entrada com um processo no Supremo Tribunal Norte-americano para por fim à palhaçada.
No final do julgamento Rod Evans foi humilhado pelos seus antigos colegas e foi obrigado a pedir desculpas publicamente. Quanto ao dito empresário, a prisão e a restituição do dinheiro ganho fizeram-lhe melhor justiça...
Após este aparatoso episódio, não tardou a que Ian Gillan e Ritchie Blackmore se voltassem a juntar a Roger Glover, Jon Lord e Ian Paice em 1984 para um verdadeiro regresso dos Purple à ribalta...
(continua...)

Sem comentários: