Depois de ter espantado meio mundo ao recusar fazer parte de lucrativa reunião com os Led Zeppelin (após aquele brilhante espectáculo em finais de 2007 que pôs os fãs com “água na boca”) e ter tido um algum sucesso com o melódico “Raising Sand” (co-assinado com a cantora country Alison Krauss), pode-se dizer que o Sr. Robert Plant, inglês, 62 anos e CBE (Commander of the Order of the British Empire) está-se basicamente nas tintas!
Senhor do seu próprio destino, o ex-vocalista dos (imortais) Led Zeppelin prefere hoje em dia fazer discos que lhe dão realmente gozo, do que embarcar em “modas” de reuniões nostálgicas (que muito raramente cumprem as expectativas). Bem pelo contrário, Plant está definitivamente “noutro registo”. Recentemente chegou a afirmar a propósito de um concerto que assistiu dos Them Crooked Voltures (onde milita o seu “ex-colega de armas”, John Paul Jones) que já não tinha qualquer conexão com o rock pesado e que ficou com as “orelhas a sangrar”.
Gostos à parte, o Sr. Plant lá tem as suas razões (o peso da idade pode ser uma delas) para partir para outras “ruas” musicais. Nomeadamente por “avenidas” onde cheira a Country, a Americana, a Gospel, a Folk ou a Blues. Géneros que se mesclam com um “rockzinho”, leve e suave (como demonstra aqui “You Can´t Buy My Love”). Ou seja: música para se ouvir enquanto se retemperam as forças numa soneca depois do almoço.
É esse “estado de alma”, preguiçoso e sonolento que temos este novo “Band of Joy” (nome da antiga banda de Plant e John Bonham antes destes ingressarem nos Led Zeppelin). Se não conhecêssemos Plant de lado algum, nunca adivinharíamos que ele algum dia foi um temerário ”Deus do Rock”. Portanto, não se espere aqui grandes riffs de guitarra, solos dilacerantes, ritmos avassaladores, composições épicas ou vozes de trovão como em clássicos como “Black Dog”, “Whole Lotta of Love”, “Kashmir” ou inevitavelmente “Stairway to Heaven”.
“Band of Joy” está a milhões de anos do tempo em que os “velhos dinossauros do rock” governavam a moda e os tops. No entanto, o disco não deixa de ter os seus méritos. Plant consegue mostrar ainda que está em boa forma vocal em canções como “Angel Dance” ou “House of Cards”. Depois há também lugar a momentos mais sublimes como no soturno “Monkey”, na balada etérea “Silver Rider” ou no excelente blues “Satan Your Kingdom Must Come Down”. Todas elas seriam idílicas se as pudéssemos escutar no final de um dia de Verão, a meio de uma auto-estrada perdida no deserto, algures entre a Califórnia e o Nevada.
A fechar temos o título (algo profético) “Even This Shall Pass Away”. Um caminho mais experimental, um som mais rude e que se calhar é uma forma de Plant nos mostrar o que há-de vir. Mais coração, mais emoção, menos guitarradas e menos distorção. A idade já vai pesando e os ouvidos de “Sir” Robert também. Por isso, (e enquanto a reforma não chega), venha de lá essa “ternura dos sessenta”...
2 comentários:
por motivos tecnicos so consegui ouvir uma musica, as outras talvez deixaram de estar disponiveis no grooveshark. foi no entanto suficiente para a pergunta: o que te leva a perder tempo com isto?
ha artistas que, depois de projectos com imenso sucesso, decidem experimentar coisas novas. raramente conseguem fazer algo de interessante, diria que a taxa de sucesso eh inferior a 5%, especialmente se tal projecto anterior foi monocromatico. este exemplo em concreto parece-me uma coisa que cheira a naftalina.
Portanto, não se espere aqui grandes riffs de guitarra, solos dilacerantes, ritmos avassaladores, composições épicas ou vozes de trovão como em clássicos como “Black Dog”, “Whole Lotta of Love”, “Kashmir” ou inevitavelmente “Stairway to Heaven”.
:))))
saudades das tuas regurgitações de adjectivos!
Ou seja: música para se ouvir enquanto se retemperam as forças numa soneca depois do almoço.
:))))))
és fantástico! tinha saudades de vir ao blog, nao tenho vindo muito!
obrigado por estes momentos!
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