27 julho 2010

Sun Kil Moon – Admiral Fell Promises (2010)

O Outono ainda vai longe. Mas as melodias mágicas e sonhadoras de Mark Kozelek remetem-nos para uma sensação de frescura, a pensar em dias menos escaldantes. O tonificante certo para se ouvir em noite de céu estrelado (escute-se “Church of the Pines”), apenas com a companhia do vento e da guitarra…


“Admiral Fell Promises” é essencialmente um disco calmo. Em paz consigo próprio. Uma obra quase cinematográfica (pelas sensações que transmite) e que contêm excelentes canções que certamente não envergonhariam um David Sylvian mais visionário; um Neil Young em fase de descoberta criativa de “After the Goldrush” ou até mesmo os ambientes mais soturnos de Tom Waits (se este trocasse o piano pelas cordas de aço).

Editado pela sua “Caldo Verde Records” , Kozelek (mentor dos já extintos Red House Painters) dispensou os habituais músicos que o acompanhavam neste projecto (que foi roubar a sua designação pugilista sul coreano) para se entregar por completo à sua solidão. Uma aventura introspectiva que tem como ponto mais alto a canção “Half Moon Bay”. Se fosse esta canção fosse uma mulher, certamente que seria a mais bela das musas! Inescapável, assim como “Third and Seneca” ou “You Are My Sun”. Canções fáceis de respirar e que quase nos dão uma “alma lavada”.

“The Ocean Beneath me is Loneliness...” canta ele nessa pérola que dá pelo nome de “Australian Winter. As palavras ecoam como se tratassem de pinceladas para retocar um quadro pintado pela guitarra em tons de azul e cinzento.

Com este “Admiral Fell Promises”, Kozelek regressa ao seu patamar mais criativo e gera um dos melhores trabalhos que a Folk poderia contemplar para 2010. Brilhante, soturno, contemplativo. Este é o som para nos abrigarmos do calor do verão, a pensar no outono.

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