01 março 2011

Álbum Fresquinho: Beady Eye - "Different Gear, Still Speeding"

O ano de 2009 acabou a notícia trágica (ironia, apesar de tudo) da discussão (desta vez, sem volta ou será mesmo assim?) da infame dupla de Manchester, os irmãos Gallagher e consequente desmembramento da banda Oasis, formada no início dos anos 90. Importa dizer que a banda de Manchester teve um sucesso astronómico com o seu primeiro disco, Definitely Maybe, que apesar de ser uma amálgama de influências e mesmo roubos (olá T-Rex em cigarettes and alcohol) de várias bandas, não deixa de ser um álbum poderoso e que marcou o seu lugar na história do pop/rock. A partir daqui foi sempre a descer. What's the Story (Morning Glory) foi um bom álbum, onde sobressaiam as açucaradas "Wonderwall, "Don't Look Back in Anger", "Some Might Say" ou "Champagne Supernova", no entanto, o rasgo criativo começava a desaparecer e isso viu-se logo em Be Here Now, disco muito fraco, cheio de clichés e sucedâneos dos discos anteriores. Aliás, o melhor ficaria escondido em B-sides, que só parte veria reconhecimento anos mais tarde em Masterplan. Com a musa criativa a voltar costas a Noel Gallagher, os episódios alheios à música iam acontecendo. Após a mudança de baterista após o primeiro disco, seriam agora os fiéis sidekicks que abandonariam o barco. Muita confusão ia na cabeça de Noel, o que o fez até dar voz (leia-se escrita) a Liam. O resultado seria pavoroso ("Little James"), no entanto pôs o jovem Gallagher a pensar mais com a cabeça e menos com os tomates. O resultado vê-se hoje em dia. Sim, Liam não é Noel. E Nunca o será. É um arruaceiro, um "bronco", um bully. Alguém que não escolheríamos para amigo. Tem todo o ar que não diz uma frase de jeito, quanto mais escrever uma música decente. No entanto, em pouco mais de dez anos, Liam, com a ajuda do persistente companheiro de banda, Gem Archer, conseguiu desenvolver algo para além daquela voz suja do Rock na qual Liam é um dos últimos timoneiros num mundo heroís pícaros. De facto, esta primeira experiência de Oasis "sans" Noel é, relativamente surpreendente. Sempre fui um "George", como há pessoas que são mais "Paul" ou "John", e, relativamente a Oasis, sempre fui um "Noel". Considerava a voz do Liam como gasta, irritante passadas algumas audições e não acreditava num disco todo liderado por este "selvagem" de Manchester. Apesar das habituais charopadas como em "Kill for a Dream", os Oasis, perdão Beady Eye, continuam a carregar a chama do velho Rock 'n Roll para quem ainda está interessado nele, porque apesar de serem muito mais básicos do que se faz hoje em dia, há sempre um momento em que nos faz bem ouvir guitarradas e solos, cada vez mais em vias de extinção nos dias que correm...

1 comentário:

Filipa disse...

E é tão bom fugir às guitarrinhas 'cool' dos indies.

Garcia