03 dezembro 2010

Chafurdando nos primórdios da música tradicional americana #3: Sleepy John Estes



Sleepy porque dizia-se que tinha assim umas coisas no sangue, umas narcolepsias – outros dizem que não. Eu pessoalmente acho piada a isso – à narcolepsia – gostaria de ver um “ataque” de narcolepsia – normalmente só os vejo em festas às tantas da manhã – não lhe chamaram Blind John Estes porque só ficou cego nos anos 50, até lá só lhe faltava o olho direito – que se fechava às vezes de repente: não só em festas.

Nasceu em Ripley, Tennessee em 1904 e tinha nove irmãos e trabalhava no campo com os  dez, contando com o pai (a mãe na cozinha e nas limpezas e nos partos?), e com apenas uns quinze anos foi começando a tocar em festas e piqueniques – será que tinham toalhas brancas axadrezadas de vermelho? – com um tipo chamado Rachell e sim era um homem e sim com dois éles pois era apelido de James Yank e ele era bandolinista  ou bandoleiro ou bandolinácio e viveu até 1997 e foi ele que um dia disse "I've had the blues so long they turned into the blacks" e depois riu-se e Estes – lê-se Éstes – também tocou muito e ao longo de muitos anos com um gaiteiro de beiços chamado Nixon mas não era o presidente mas sim um tal de Hammie e depois pelo que percebi nos anos 30 havia muitos concursos de blues e afilhados de blues ou padrastos e o John Estes – Éstes – participava muito nessas coisas. Foi dos poucos – dizem – músicos de blues que se aguentaram nos anos 30 por Chicago, conseguindo gravar para a Champion em 1935 e mais tarde para a Decca em Nova York por várias vezes – só voltou para o campo e para a enxada nos anos 40, ficou cego (que faz um cego com a enxada?) e foi redescoberto em 1962 para mais uma carrada de álbuns ao longo dos anos antes de ter um AVC em 1977 e ser enviado para os bichinhos – o Éstes.

Resumindo: o gajo tem uma data de álbuns – e o pessoal gosta porque é puro. 


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