- Olá papá, aqui está tudo bem, e consigo?
- Tudo nice, tudo nice.
- O que vai ser, papá?
- Queria um quilo de tomates, está a 35,
certo?
certo?
- Sim, papá.
- E talvez dois pimentos e umas cenouras.
- O pimento está a 5 cada e as cenoura é 10
por três.
por três.
- Por três? Mas são pequenas essas cenouras...
- Está caro, patrão, a cenoura está cara...
- Pronto, pode ser. Arranje lá umas rijinhas
então...
então...
- Claro... Aqui está.
- Obrigado, mamã.
- Cebola, batata, aboborinha, piri-piri?
- Não obrigado, por hoje é tudo...
- Obrigado papá. Amanhã compra cebola?
- Sim sim...
E saiu do mercado. O sol estaria quente de certeza, não fossem as nuvens a conferir um ambiente pesado àquela tarde. Desde manhã que a sombra dela pairava na sua cabeça como um casaco demasiado apertado, colarinho e capuz. A caminho de casa, num banco de rua uma criança chorava de mão dada ao irmão. Ao lado um alguidar com o lixo que teriam apanhado nas últimas horas. Merda, pensou. Não mais que isso. Ao chegar a casa já não se lembrava da sua manhã, nem das sombras, nem dela. “Não se pode estar deprimido quando há outras pessoas ainda mais emaranhadas nos azuis que eu.”
2 comentários:
epá, se estás na terceira, aqui alguidar diz-se pana...
abraço
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