As escadas têm sempre o mesmo cheiro
Saí de casa dela
deixando-a com os meus cheiros
e as minhas mágoas,
agora dela.
Talvez daqui a dois meses
nos voltemos a ver
desta forma,
num subir indeciso
por aquelas escadas de quatro da manhã.
E então tudo volta
tudo nos volta.
As carícias esquecidas, os movimentos
de corpos carentes
sob luas desaparecidas.
Agora afastamo-nos
“não te quero ver,
fazes-me sofrer”,
esperamos que o tempo nos resfrie
e nos cure um do outro
porque o tempo dói mas
cura.
E daqui a dois meses
um telefonema
“estás por aí?”
“sobe.”
“são quatro da manhã.”
“não faz mal.” – e tudo recomeça.
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