Acabou a espera! Agora estou preparado a (re)começar. Eu e estes senhores. Mais de três anos de espera desde o último trabalho de originais é uma espera e tanto, mesmo para os parâmetros de hoje. No entanto, quantidade não é nem nunca foi sinónimo de qualidade, pelo menos para a maioria das bandas e, por vezes, saber esperar pelo acorde certo, pelo tom mais agudo, pela correcta utilização de instrumentos ou apenas pela altura certa, é, com certeza uma virtude e não está ao alcance de qualquer um. A sofreguidão de lançar disco após disco, apenas para se manter na onda e conseguir ganhar mais uns cobres à conta disso, não se lembrando que podem estar a pôr o futuro a médio prazo da banda em risco, ainda é o que move muitas bandas. Algumas aguentam-se, ou melhor, sobrevivem, outras, pura e simplesmente, morrem. R.I.P. Não faziam muita falta também.
Agora o que realmente interessa: Arcade Fire de volta para mais um disco conceptual. Depois dos dramas fúnebres de Funeral, passando pelos pesadelos e visões terríficas de um presente e futuro negro, chega-nos agora as vivências e consequências da vida nos subúrbios, conotativos ou figurativos. O som, esse, não engana. Estamos perante mais um clássico da banda canadiana. Tudo o que ouvimos em discos anteriores, a emoção, o clímax, a catarse, está tudo aqui outra vez. Começando com a música que dá nome ao álbum, "The Suburbs", notamos aqui uma ligeira mudança rítmica no que costumam ser as músicas dos Arcade Fire. A lembrar músicas mais alegres, mais de verão como a altura da edição deste disco. Pura Ironia. Os subúrbios, 50's Style, são uma perversão, uma capa que dissimula muito do que está errado neste mundo, porém quem lá viveu uma vida toda nunca se vai aperceber de nada. Também sempre presentes, estão as angústias do ser e existir em "Modern Man".
A esquizofrenia volta a aparecer em "Empty Room", uma das músicas que vai estar em repeat em muitas rádios, juntamente com a roqueira "Month of May". Ao todo são dezasseis músicas, 60 minutos de música quase ininterrupta que nos leva mais uma vez a esse mundo tão especial e mágico e ao mesmo tempo tão negro e depressivo que vem da cabeça deste grupo canadiano, encabeçado por um dos génios da era moderna da música, Win Butler. Para os Arcade Fire não há musicas para encher chouriço, não há tempos mortos. Há apenas e só, o compromisso com a Música como uma entidade que merece muito respeito e eles têm-no. Estão de parabéns uma vez mais. Alguém esperaria outra coisa?
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