13 dezembro 2009

Cláudia Zafre

Está muito em voga em Lisboa a tentativa de fazer Folk Music com sabor a sardinha assada e galo de Barcelos. Tentativa quanto a mim absurda, em termos conceituais, e definitivamente falhada. A razão pela qual não existe, nunca existiu nem nunca existirá Rock cantado em português é porque o Rock and Roll por definição é anglo-saxónico, da mesma forma que o Folk (que se pretende imitar) é americano. Se querem música tradicional portuguesa, ouçam fado ou, melhor ainda, ouçam Carlos Paredes.

Mas se se pretende enaltecer jovens talentos portugueses que se destacam nessa espécie de registo indie sugiro-vos que ouçam a Cláudia Zafre em vez de imitadores pseudo-intelectuais metrosexuais como os da Flor Caveira. Uma songwriter excepcional com um potencial inacreditável. Para quem não a conhece, garanto-vos que é uma mistura de Chan Marshall com Tom Waits: a voz delicada da primeira com a bebedeira do segundo. Na verdade, ouvi-la faz-me lembrar a minha Lisboa à noite, um corpo meio imóvel descaído numa esquina qualquer da escadaria de Santo António, onde se encontram beatas e restos de filtros de papel no entrecortado da calçada, húmida de cerveja e mijo.
Canções como "Eu Não Queria Dizer Nada Mas Tens Um Pau Espetado No Cu" ou "Portugal Chupa" têm mais autenticidade do que qualquer peido do Bernardo Fachada.
A Cláudia Zafre canta a sua geração como ninguém. Chequem o seu My Space e estejam atentos a próximos concertos.



3 comentários:

Vasco disse...

A Zafre faz boa música sim senhor, mas o resto do post sabe a ressabiamento.
Algumas bandas do Flor Caveira fazem boa música e acima de tudo, ao contrário de muita gente, fazem o que gostam.
Grande Zafre. Mau artigo.

Cisto disse...

so sabes rosnar. livra!

ico costa disse...

muito bom.