08 abril 2010

Foge Foge Bandido - Aula Magna - 08.04.2010



O maior artista português da nossa geração.
Manel Cruz é um poço criativo, e canta bem. É um tipo relativamente humilde, meio bicho do mato, que se esconde (talvez demasiado) atrás da sua música e das máquinas com que fabrica o seu som.
Na Aula Magna, apresentou praticamente o disco todo - o duplo O Amor Dá-me Tesão/Não Fui Eu Que Estraguei. Cada um dos discos tem 40 faixas (embora nem todas sejam canções), e por isso o concerto tem de ser necessariamente comprido. Houve quem se queixasse de ser demasiado longo, mas na opinião deste escriba não foi aborrecido.
Ele já cá tinha estado, no ano passado, no São Jorge cinema, mas agora trouxe o espectáculo mais bem oleado, com uma banda versátil, com bons músicos, que foram capazes de tocar ao vivo as músicas, que no disco parecem ter sido preparadas em laboratório, com uma imensidão de sons meticulosamente sobrepostos. Talvez este tenha sido o melhor concerto do Bandido enquanto bandido, exactamente porque é difícil tocar ao vivo aquelas músicas, e elas foram tocadas, por instrumentos, e só raramente com samples, e desta vez tudo saíu de forma orgânica, não soou estranho toda aquela camada de sons e barulhos.
Em termos criativos, o Bandido continua a mostrar que sabe escrver letras como poucos. E põe esses poemas cá fora em forma de canções, que não se enquadram num estilo definido, antes, definem um estilo - o do Bandido.
Esta aparição do Manel Cruz em Lisboa volta a colocar na opinião pública (mais do que o PEC, o TGV ou a vinda do Papa) o regresso dos Ornatos Violeta.
O Manel Cruz não parece muito inclinado para esse lado - prefere estar sempre a olhar para a frente, a pensar em novos projectos, e nem se sabe se vai haver continuação do projecto Foge Foge Bandido, talvez apareça aí com outro projecto.
Mas é incontornável não pensar e desejar um regresso dos Ornatos. Foi agora anunciado que vai ser feito um documentário sobre eles, a estrear em 2011. Quando o Manel tocou, no concurso Termómetro, em Lisboa, no início do ano, mal tocou os primeiros 2 acordes de Capitão Romance, o público teve um orgasmo conjunto. Ninguém ficou satisfeito com o fim dos Ornatos, todos queremos ver e ouvir mais, e eles têm muito para dar. Não parece que voltem a juntar-se, nem tão pouco a criar coisas novas. Mas um concerto, num Coliseu dos Recreios, já saciava muitos apetites.

Sem comentários: