03 dezembro 2009

Talvez Opinião #1

...sobre uma conversa tida este fim de semana e que me fez recordar que também tinha sido mencionada no Altamont, mais precisamente neste post. E o ponto deste post que quero falar é precisamente este:

"...mas depois dei-me conta de que não sabia quantas teclas tinha um saxofone ou o que é uma escala pentatónica – não que eles estivessem muito interessados nisso – ou seja, nunca consegui publicar – já se pode chamar publicar a isto? (a isto digo, num blogue – o termo já leva ue no fim?) – aqui ou em qualquer outro blogue um texto sobre música visto que de música eu não percebo nada ou pelo menos não percebo o suficiente."

A minha questão é - qual é o suficiente entendimento de música necessário para se poder falar sobre música num blogue? E quem diz num blogue, diz numa conversa de amigos, por exemplo. Existe um mínimo necessário? A mim parece-me que não. Parece-me que qualquer consumidor pode falar de música, quanto mais não seja, da sua experiência pessoal com determinada música. Que valor é que isso tem? Para ele terá algum, se decidiu partilhá-la. E é minha opinião que a partilha dessa tal experiência, seja ela de música ou de qualquer outro tipo de arte, é tão importante quanto a própria experiência. O escrever ajuda-me a reflectir sobre ela. E se alguém se rever nessa experiência, nessa opinião, e isso servir para suscitar discussão, tanto melhor para ambas as partes. Este é o meu pensamento que me leva a ir colocando para aqui as minhas experiências pessoais com música, mesmo também não sabendo o que é uma escala pentatónica nem quantas teclas tem um saxofone nem mesmo que há outras claves para além da de sol. Se servir para alguém, uma pessoa que seja, descobrir algo que lhe interesse e queira discutir a questão, já será uma vitória.

Obviamente que terá tudo a ver com o nível de exigência de cada um, certamente que qualquer músico profissional terá uma experiência muito mais profunda com a música que ouve, existem camadas de uma música que só estão ao alcance de alguns e portanto a sua partilha das suas experiências será infinitamente mais interessante que a minha que para aqui escrevo. É isso que me faz ver os extras num DVD de um concerto, documentários, etc. Mas o mundo dos blogues é mesmo este - amadores a falarem de coisas que lhes interessam, e acho que é com isso que os que os lêem contam.

Aceitam-se opiniões na caixinha dos comentários!

8 comentários:

Vasco disse...

Não precisas de saber teoria musical para ter uma opinião sobre música, obviamente. Como disse o grande Herman José, as opiniões são como as vaginas, ou seja, cada um tem direito à sua.
O gosto de cada um é algo muito pessoal e só levam às discussões inúteis de rabo na boca.
No entanto, ajuda muito se tiveres algum conhecimento musical. Eu fiz questão de aprender guitarra aos 16 anos e ajudou muito.
Tive um grande professor que me falou da importância de grandes músicos como miles davis, beatles ou os yes e como "as coisas funcionavam".
Ao contrário do que muitos pensam, a complexidade da composições não devem ser confundidas com qualidade.
Segundo ese raciocinio errático , o surfing with the alien do satriani seria melhor que o revolver dos beatles. Todos sabemos que não é.
O que faz uma boa música muitas vezes é a repetição sucessivas das mesmas notas e das emoções que retiramos dos acordes.
Resumindo, o que importa para mim é o "rasgo": Seja Beethoven, Miles davis, John Lennon ou Joey Ramone.

André Sousa disse...

Amigo

Estamos num País livre. Cada um opina sobre aquilo que quiser: Música, Cinema, Politica, Livros, Futebol! Anything Goes...
No que respeita à música não precisas de saber tocá-la, basta senti-la! E se a sentes e se ela te leva a algum "lugar" (bom ou mau) já o suficiente para perceberes o que ela te diz!
Quanto às escalas ou teoria musical, o John Lennon não sabia ler "uma palha de música" e compôs das maiores canções de rock n roll do século XX! 7 acordes, algumas variações e já está.

Abraço

Cisto disse...

Caro Alex e resto da malta que comentou aqui, a tua questão parece-me desfasada do post a que te referes.
É evidente que qualquer um pode dar a sua opinião acerca do que quiser. Seria preciso um Ahmadinejad ou um Hugo chavez para ordenar o contrário. Não me parece que esse texto do ico contradiga a tua rflexão.
A questão é a linguagem utilizada. Para te dar exemplos concretos disto, não precisei de procurar muito. Frases como "mas a música dele é irrepreensível", "um perfeito falsetto", "Franz Ferdinand é sinónimo de qualidade" foram tiradas dos 3 posts que antecederam este. São frases de carácter absoluto (ou erudito) e não de carácter pessoal (ou subjectivo). Tenho a sensação de que era a isto que o Ico se referia ao falar em conhecimento da escala pentatónica.
abraço

frederico disse...

Pode ter-se opinião de tudo. Desde o Porno até a fraldas de bébé... Se em algum dos casos tiveres algo a partilhar, força. Os blogues servem, principalmente para amadores poderem ter o seu pequeno contributo. Seja de forma clássica, moderna, vanguarda, revolucionária ou reaccionária, ou apenas para comentar. Quem quer lê quem não quer azar!

Vasco disse...

"Quanto às escalas ou teoria musical, o John Lennon não sabia ler "uma palha de música" e compôs das maiores canções de rock n roll do século XX! 7 acordes, algumas variações e já está"

isto nao é verdade. Lennon não sabia ler pautas mas sabia a teoria da musica: tempos, escalas etc.
Não é preciso saber ler musica para ter presente a teoria.
É logico que quando ele escreveu o imagine sabia que estava na "key of C".
Paul, no entanto, sabe ler musica.
Muitas musicas do mozart também andam a volta de 7 acordes com pequenas variações.
Não existia simplicidade nos beatles. Isso é absurdo e basta ouvir o sgt pepper ou album branco para perceber.

Alex disse...

Para mim, não é por ser mais ou menos complicado que determinada música é "melhor" que outra. Há tanta beleza nas coisas mais simples... Mencionaram tanto os Beatles que vou utilizar o mesmo exemplo - os seus primeiros álbuns são bastante simples e eu gosto deles.

Raul, eu fui buscar o outro post apenas como referência para começo de conversa. Concordo que não é uma oposição total ao post referido, nem nunca foi essa a intenção, apenas uma reflexão à volta do assunto. E penso ter deixado clara a minha opinião, os que não sabem de escala podem/devem falar apenas da sua experiência pessoal com a música e nada mais. Concordo que essas frases que citaste não se enquadram de todo numa experiência pessoal.

Cisto disse...

Sim Alex eu entendi isso, nem penses que me inflamei por ser o meu irmao a ter escrito o tal post ;) pois tb n me revejo na inflamacao que ele assume por vezes.
De qq modo, a resposta eh clara: num blog, todos podem falar do que quiserem da maneira que quiserem utlizando a linguagem que lhes apetecer (dentro dos limites legais, presumo). A relevancia de um blog desses sera no entanto limitada. O Vasco e o Fred continuaram a nao entender a verdadeira questao, avaliando pelos comentarios deles. Mostrar indiferenca em relacao 'a linguagem utilizada, focando-se apenas na falsa questao da liberdade de expressao, eh de lastimar, tendo em conta que ambos tem um curso superior de comunicacao social.
Mas para resumir o meu ponto de vista: ninguem podera nunca discutir que um acorde do Antonio Variacoes atingiu o Fred em cheio na prostata, tal foi o sentimento que lhe provocou na alma. Mas poder-se-a discutir sim a execucao tecnica do mesmo, o valor inovativo, os universos culturais que abrange, a eficacia na transmissao de uma mensagem, se ha que a ha. E para se opinar nestes aspectos, saber do que se esta a falar e' necessario para que a leitura seja interessante.

Cisto disse...

ah e um pormenor: as frases que citei foram pescadas em 17 segundos, o quer demonstra a frequencia com que ocorrem neste blog.