12 março 2010

Radiohead - Kid A (2000)

Ano 2000. Já tinha passado a possibilidade de o mundo acabar na mudança de milénio, e o pânico lançado pelo "montanha pariu um rato" bug Y2K. Já a população do mundo e especialmente a que habita os Estados Unidos da América pensava que tudo não tinha passado de uma grande esquema para alarmar o pessoal, levá-los a frenesim consumista de armazenamento de bens de primeira necessidade, quando, já o ano ia em Outubro, acontece o verdadeiro choque que abanou a Terra - o lançamento deste Kid A. Ninguém estava à espera de uma mudança tão radical de registo após OK Computer e como tal este álbum foi encarado como tendo apenas um objectivo - diminuir a sua base de fãs e com isso conseguir reduzir o desgaste causado pelo sucesso, as tours, as necessidades de promoção, com as quais Thom Yorke nunca lidou bem. Mas isto não passou de uma primeira reacção histérica, que eu próprio, posso admitir, também senti quando primeiro coloquei os ouvidos neste Kid A. É que na realidade este ábum faz todo o sentido e encaixa totalmente na evolução de uma banda que nunca foi de fazer mais do mesmo, mas sim de procurar caminhos diferentes para evoluir, experimentar, sem receios de que críticos e fãs deixassem de gostar deles. Mas esta não foi (mais uma vez) uma decisão consensual no seio da banda, e chegou mesmo a ameaçar que a mesma terminasse, uma vez que enquanto Yorke e Jonny Greenwood queriam ir por algo cada vez mais experimental, os restantes membros estavam mais virados para um seguimento simples de Ok Computer. No fundo, os Radiohead dão a ideia que precisam deste conflito interno para trazer ao de cima o melhor deles mesmo, e o processo de gravação de Kid A não foi diferente dos anteriores. O resultado, esse sim, é que foi diferente. Afinal de contas, o mundo também já estava bastante diferente.
 Este experimentalismo, inovação, está presente nas várias faixas do álbum. No ambiente sónico com várias vozes sampladas à volta da voz de Yorke em "Everything In Its Right Place", voz esta que foi totalmente transfigurada para "Kid A", a acompanhar uma melodia com aparência infantil. O baixo no ínicio de "The National Anthem", acompanhado com o som de um Ondes Martenot usado por Jonny Greenwood que desaguam numa forma de free-jazz bastante intenso. O exercício de "Treefingers", que mais não é do que o feedback da guitarra de Ed O'Brien trabalhado e organizado por Yorke no seu computador. O atirarem-se para fora de pé, mais concretamente ao campo da música electrónica com uma forte influência de uns Aphex Twin em "Idioteque", para depois terminar o álbum com a tranquilidade aparente de "Morning Bell" e "Motion Picture Soundtrack", esta última uma música que foi escrita para "Pablo Honey" e foi sendo sucessivamente adiada a sua presença em disco.
É um disco que a cada ano que passa me parece melhor, realmente inovador e que serviu para virar uma página na história da banda. E da história da música também.

2 comentários:

Cisto disse...

eheh quanto a mim o que pensei quando ouvi este album pela primeira vez foi: espera lá, isto sim interessa.
acho que foi um album fundamental para a banda, ainda mais que o OK Computer, no que a mim me diz respeito.

Anónimo disse...

es um palerma cisto. toda agente sabe que o the bends é o melhor deles