Amnesiac foi lançado uns breves 8 meses após Kid A, sendo que ambos foram gravados no mesmo processo de criação (à excepção de "Life in a Glasshouse", única música gravada já após o lançamento do álbum anterior). Por essa altura, ainda toda a gente estava a tentar lidar com Kid A, a opinião pública (fãs e críticos, que naturalmente, vale o que vale...) estava completamente dividida, e os primeiros rumores eram de que tinha sido um mero devaneio e que Amnesiac seria, esse sim, o álbum a sério dos Radiohead de Ok Computer. Pois bem, se dúvidas houvesse relativamente à direcção escolhida pela banda, "Packt Like Sardines In A Crushd Tin Box", música de abertura deste álbum, acaba definitivamente com elas. Foi o demonstrar de uma forma clara que "there's no turning back", de uma forma bem simples, com uma batida electrónica, umas mescla de sons ambiente, zero guitarras e várias repetições da frase "I'm a reasonable man, Get off my case." Daqui arrancamos para uma excelente combinação de piano, cordas e voz em "Pyramid Song" (primeiro single a ser lançado desde 1998), que nos fala de um anjo de olhos pretos, de passado e futuro, e a mim me faz sentir num ambiente confortável, calmo, como se num sonho.
"Pulk/Pull Revolving Doors" e "Hunting Bears" são os momentos mais abstratos do álbum, quiçá da inteira carreira dos Radiohead. Mas a meu ver, enquanto que a primeira é incómoda aos nossos sentidos, a segunda é um interessante exercício de minimalismo. Temos também no álbum uma versão alternativa de "Morning Bell", já presente em Kid A, "You and Whose Army?", em crescendo, e 2 músicas mais próximas de OK Computer - "Dollars & Cents" e "Knives Out". A terminar, os Radiohead nunca, mas nunca nos desapontam. "Like Spinning Plates" e "Life in a Glasshouse" formam como que um grand finale em duas partes, começando com um sentimento de termos entrando nalgum vortéx, em que tudo à nossa volta gira, para quando já nada esperamos entrar Yorke e a sua voz esplendorosa para nos tentar explicar um pouco o que é esse sentimento - Spinning Plates. Logo a seguir e ainda sem nos apercebermos bem o que foi aquilo, "Life in a Glasshouse" traz-nos um arranque calmo e suave em ritmo de free-jazz e leva-nos depois a um apoteose com trombone, clarinete e trompete a irromper com toda a sua magnitude.
Em resumo, este Amnesiac serviu para consolidar aquilo que Kid A trouxera: uns Radiohead inventivos e breakthrough (não consigo encontrar a palavra perfeita em português para traduzir isto) e que abriram portas para um mundo novo, o do pós-rock. Chega agora a melhor parte - a da audição. Carregando no play abaixo poderão recordar ou descobrir este excelente álbum.
Enjoy!
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