Para começo de conversa confesso que me senti um pouco desiludido a este propósito. Desiludido com o facto de nenhuma das minhas fontes habituais, tantas e boas que aí andam, não me terem alertado para isto. Parece que andavam a fazer complô, a trocar segredinhos, e só na hora da loucura de listas de melhores do ano é que surgiram os The Antlers, com este "Hospice". E aí, meu amigo, não foi uma ou duas referências, de repente este álbum estava em TODAS as listas que vi por aí. Perguntei para mim mesmo "Mas que raio?", ao mesmo tempo que arranjei forma de fazer o álbum cá chegar. E agora, passados apenas cerca de 7 dias de o ter, estou conquistado. Pela beleza, pelas variações de estados de espírito que o álbum nos cria, por um certo esquecimento de tudo à volta.
Os Antlers são uma banda de Brooklyn, mas não se pode dizer que se inserem num propalado movimento criado nesta cidade. Até porque o álbum foi criado pelo seu mentor, Peter Silberman em total reclusão, abrindo apenas portas aos dois restantes membros da banda para a gravação do mesmo. Diria que se aproximam bem mais de uns Bon Iver neste aspecto, do que uma qualquer outra banda saída da fornada de Brooklyn.
"Hospice" não é apenas um conjunto de músicas. É um álbum conceptual, e como tal tem uma história de fundo, uma triste história de um homem que assiste uma mulher padecer de cancro, e que nos vai mostrando, faixa a faixa, o impacto que isto causa no próprio. Nota-se uma dor constante com esta situação, patente no ritmo da maioria das músicas, nos ambientes que cria. E aqui e ali utilizam também esse ritmo para nos mostrar alguns rasgos de esperança. As suas memórias, os seus arrependimentos, o seu pesar, tudo isto está presente neste difícil momento. É um álbum que importa mesmo ouvir como tal, como um álbum, como um todo, do início ao fim. Sem interrupções. Só deixar a música correr. Vale bem a pena.
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