Digam-me que são básicos, que são quadrados, que são orelhudos, que são tradicionais. E eu digo-vos que sim, que são básicos, e quadrados, e orelhudos, e tradicionais. Mas, raios que os partam, são bons, são muito bons, são excelentes. E soam como poucos e todos batem o pé ao som deles. Os Creedence Clearwater Revival marcaram não só o meu pai, o teu, ou o do outro. Marcaram os filhos do meu pai, do teu pai, ou do outro gajo que ninguém conhece mas que de certeza baterá o pezinho se os ouvir. E os CCR fizeram-no com canções directas e simples, cantadas por um homem directo e simples, com uma voz que era (e é) tudo menos simples. Para mim, o melhor álbum dos Creedence é o Cosmo’s Factory (gravado em 1969). E eu, que até sou contra versões, deixo isso de lado com o “Before You Accuse me”, do Bo Diddley, ou o “Heard It Thorugh The Grapevine”, original de Norman Whitfield aveludado pela voz de Marvin Gaye. E se bem que Gaye fez da “Grapevine” uma grande música, o Fogerty fez dela uma coisa ainda melhor. Lá está, uma questão de voz. Fogerty não é tão refinado como Gaye mas parece mais honesto nas palavras convictas que cospe ao microfone. Como na “Travelin’ Band”. Experimentem cantarolá-la no tom em que ele a canta sem rasgar a garganta ou furar o tímpano de um transeunte. Difícil. Tão difícil como escolher outra música entre as compõem o álbum. Talvez “Long I Can See The Light”, porque Fogerty também é capaz de cantar o amor. E safar-se com isso sem parecer um lamechas que (só) por acaso nasceu com uma voz do caraças. E mais não digo porque também mais não sei. Só quero continuar a ouvir o álbum enquanto aqui o jornal está a fechar as páginas e chove lá fora. “Who’ll Stop the rain?” Só ele.
3 comentários:
Master Candel,
nice post.
Grande disco. Um clássico
Creedence Clearwater Revival é aquele nome que quando o digo em voz alta só ouço "Hein!?! Ora repete lá!!", eu própria o disse quando o ouvi pela primeira vez, vindo do meu pai. Letras simples, tão fácil e bom de ouvir, um clássico!! :)
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