23 fevereiro 2010

Radiohead - OK Computer (1997)

O atraso relativo à publicação deste post, que já deveria ter saído a semana passada, deve-se única e exclusivamente a um factor - insegurança pessoal. É que só chegado a este ponto é que me apercebi no sarilho que me estava a meter, dada a dificuldade inerente a falar sobre "Ok Computer". O que dizer de diferente, de original, sobre um álbum que é vangloriado por uma larga secção de críticos (profissionais e não profissionais) como um dos melhores de sempre, a perfeição musical dos nineties, o auge do rock, 10/10, e outras coisas que tal? Missão complicada. Faz-me questionar a necessidade de andarmos para aqui a debitar palavras sobre algo que vale por si só - a música, e como o mais importante disto tudo é mesmo termos aqui em baixo uma barra que com um simples click permite entrar nesse mundo único. Thom Yorke, em oposição aos álbuns anteriores mais introspectivos, optou agora por levantar a cabeça e olhar à sua volta, e relata aqui o que encontrou - um mundo que para mim se encontra descrito na perfeição em "Fitter Happier". Um mundo onde o consumismo tomou conta da mente humana, onde os airbags salvam vidas, onde as pessoas preferem o conforto e uma vida sem surpresas, onde se perdem horas de vida em transportes e só umas asas podem resolver o problema. Onde as variações de ritmo e velocidade ocorrem constantemente, tal como as guitarras em "Paranoid Android". Onde as pessoas procuram respostas na sorte e no azar, nos deuses, em tudo, menos em si próprios, e como tal estão sujeitos a serem encontrados por uma "Karma Police". Onde até há quem queira ser adoptado por extraterrestes. Onde é melhor manter as crianças sempre fechadas em segurança, mesmo que a trepar as paredes. Mas principalmente, onde é preciso "slow down". "Idiot, slow down" diz-nos a música que termina o álbum. E é no fundo a grande conclusão a tirar após saírmos desse mundo e voltarmos ao nosso. Que no fundo, nem é muito diferente...
Carreguem no play e deixem-se embrenhar. Desde a semana passada que o álbum teve alta rotatividade no iPod, em modo de preparação para este post, e foi bom sentir que no fundo, ele sempre esteve cá dentro. E parece-me que sempre estará.

2 comentários:

frederico disse...

Um dos artigos mais honestos que já li de sempre...

a vanessa escreveu isto. disse...

Adorei o post, a da música nao poderia ser melhor!

Parabéns!