“There were ghosts in the eyes
Of all the boys you sent away”
Thunder Road
Houve tempos em que ser-se americano era fixe. E depois vieram os tempos em que ser-se americano deixou de ser fixe. Agora, com Barack, ser-se americano é outra vez cool. E com Barack regressou Bruce Springsteen, provavelmente o ideal do sonho americano. Se há working class hero, ele é Springsteen, The Boss. Pode discutir-se o gosto do homem a vestir-se – as mangas cavas a exibir bíceps tonificados não lembram ao Diabo mas ao Angélico – mas a música dele é irrepreensível. E ao ler as letras e ao ouvir as canções dele, desejamos ser americanos, nem que seja por um dia. E que melhor álbum para nos sentirmos americanos que o “Born To Run”, de 1975. Com ele, Bruce chegou ao estrelato – do rapaz pobre de New Jersey para uma estrela rock, um Bob Dylan com sintetizadores a cantar a crise e a depressão urbanas com um vocabulário do povo. “All the redemption I can offer girl is beneath this dirty hood”, diz Bruce Springsteen na “Thunder Road”, a melhor música do album- e uma das melhores do seu reportório (talvez a “The River” esteja uns furinhos acima). Mas a mais emblemática é mesmo aquela que dá nome ao disco. Nela, Bruce Springsteen escreve sobre carros, auto-estradas, coisas sem pulso, e envolve-as com metáforas (quase) eróticas – “Strap you legs round these velet rims and strap your hands across my engines” – com uma sensibilidade inalcançável para outros. É uma quase-poesia, quase-narrativa citadina, dos subúrbios e dos problemas do Zé Ninguém. E ninguém os (d)escreve como ele.
4 comentários:
o bruce é cá dos meus. É de esquerda. Tenho isto no meu ipod.
Boa Pedro!!! ;)
Grande Disco. Um clássico absoluto!!
Sem dúvida. Com a Thunder Road a ser das melhores músicas que já ouvi...
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