15 dezembro 2009
Álbuns da Década: #2
A música é, por diversas vezes, mais do que ela apenas representa. Por vezes transcende o conceito de banda ou disco e começa a falar-se de movimentos, de "cenas" que estão a acontecer. Exemplos como Liverpool no início da década de 60 com o Mersey Beat, de São Francisco em 1966-67 com o Rock Psicadélico, os anos loucos da "Madchester" e mais recentemente Seattle com o Grunge, são o que se pode chamar de movimentos que surgem quase como geração espontânea. No entanto nada mais estará longe da realidade. Estes movimentos surgem devido, principalmente, a causas sociais. Os Working Class Heroes de Liverpool como os Beatles, Hollies ou Herman's Hermits, surgiram com o vaivém do porto da cidade nortenha, onde os marinheiros traziam discos vindos do outro lado do Atlântico. Discos americanos. Em São Francisco, milhares de miúdos, aborrecidos com o bonitinho American Way of Life, fugiam para casas vitorianas e georgianas que os ricos iam abandonando com receio de derrocada com um futuro tremor de terra. Aí, e com o aparecimento do LSD, fez-se uma comunhão entre artistas. Músicos, escritores, dramaturgos, filósofos, etc. O resultado foi o que se viu. Geração Hippie and all that jazz... Em Manchester viviam-se os anos loucos de rave com os Primal Scream, Happy Mondays. No final dos anos 80, agastados com o som Pop FM que se ouvia, o Punk Rock começou a ser o lema de revolta. A angústia criada numa cidade fria como Seattle revelou as bandas catalogadas como Grunge, Nirvana, Pearl Jam, etc... A razão da utilização das camisas de flanela era realmente o frio.
A história mostra-se pródiga em exemplos destes, portanto, mais tarde ou mais cedo, mais um movimento teria que surgir algures. Ora, isso acabaria por despontar numa das zonas mais podres de Nova Iorque, Brooklyn. Com a especulação de preços de casas em Manhattan, muitos jovens artistas começaram a piscar o olho a Brooklyn, mais concretamente Williamsburg. Maioritariamente ocupada por minorias, Brooklyn começou a tornar-se naquilo que agora chamamos de Hip ou Trendy. Hordas de jovens rejuvenesceram um outrora feio e perigoso borough de NY dando-lhe aquilo que também acontecera em São Francisco. Um jorrar de interesses multiculturais fizeram brotar anos mais tarde dezenas de artistas. No caso particular da música temos os TV on the Radio, Yeasayer, MGMT, entre outros e, obviamente, os Vampire Weekend. A banda nova-iorquina pegou no melhor de Paul Simon, fase Graceland, e transportou-o para o século XXI. O indie rock ganhava agora ritmos africanos. Os elementos da banda apenas disseram: "Queremos que as nossas músicas sejam como a banda sonora de um filme do Wes Anderson". E isso notou-se tanto a nível musical como a nível de videoclips. Até porque o baterista também escreve guiões de filmes. Os Vampire Weekend são uma banda que transpira conhecimento musical além rock e isso nota-se na música que fazem como "Mansard Roof", "Cape Cod Kwassa Kwassa", "M79" ou "Walcott". Sem dúvida uma das grandes surpresas da década, a liderar o caminho nesta nova fase do indie rock, Brooklyn style.
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5 comentários:
Bom som/excelentes vídeos!
Espero ansiosamente pelo novo disco!
Vamos aguardar. Apesar de uma primeira tentativa algo fraca com Horchatta, Cousins é, sem dúvida, um musicão!
Grande som o Cousins!
Na linha do primeiro álbum...
Ainda não tinha ouvido...
que exagero, fred
concordo com o grande vasco. a tua lenga lenga era muito bonita se os Vampire Weekend fossem muito bons, coisa que não são. Nem muito menos lideram qualquer tipo de movimento. Não podiam, são demasiados banais. Aliás, são uma seca. Desconfio de tudo o que venha de trends, anyway. Mas sempre se toleram mais do que os Killers ou outras merdas que se vão postando aqui.
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